O legado da Copa

Rogério J. Lorenzetti*
Hoje me aventuro em um tema que não domino muito bem, mas como dizem por aí, muitos brasileiros desenvolvem senso crítico para tecer comentários sobre futebol, então vamos lá dar nossa opinião.
Como todos que torceram pela nossa seleção, o placar da partida contra a Alemanha foi um misto de decepção e tristeza que se abateu sobre nós e retirou o sonho de disputar e vencer a Copa em casa.
Escrevo este texto sem saber ainda o resultado da disputa com a Holanda pelo terceiro lugar, mas independente do mesmo, algumas lições podemos extrair desta competição.
A primeira delas é que não existe favoritismo que se sustente sem um trabalho de preparação e entrosamento fazendo o time depender do talento individual, inquestionável, de alguns jogadores. A Alemanha prova isto pelo seu desempenho até agora.
A exposição excessiva na mídia, fazendo com que atletas se comparem a verdadeiros heróis da pátria, incentivando individualismo quando deveríamos enfatizar o trabalho em equipe com muito treinamento tático e preparo físico. O treinador virou "garoto propaganda" de diversos comerciais na televisão, assim como muitos jogadores.
O futebol de coração dá espaço a uma atividade bem remunerada para poucos profissionais enquanto um sem número de jovens sonham em ter sucesso e entrar neste seleto e pequeno grupo de atletas bem sucedidos.
O nosso ACP começa sua jornada para disputar uma vaga de retorno à primeira divisão. Um time que tem história e lançou muitos jogadores que hoje atuam em grandes times do Brasil e do exterior, mas a meu ver, ainda não aproveita de forma eficiente o trabalho feito nas categorias de base na nossa cidade e região.
O futebol brasileiro, se quiser continuar conquistando títulos, tem que trabalhar com mais eficiência estes grupos de jovens que iniciam na arte do esporte. Paranavaí tem, com o imprescindível apoio da Secretaria de Esportes, por vezes na forma de convênios, eficientes grupos de entidades com profissionais para preparação e treinamento das categorias amadoras que podem desenvolver talentos e dar aos que praticam diversas modalidades, uma chance de se profissionalizar.
Nem todos serão campeões, mas todos estarão praticando atividades que trarão mais saúde e preparo para a vida em comunidade, respeitando regras e trabalhando com foco em resultados, valorizando a preparação, trabalho, concentração e por vezes, a equipe.
Temos muito chão pela frente, mas o grande legado desta copa é nos alertar para uma mudança necessária nos rumos do nosso futebol e das outras modalidades, afinal teremos, num futuro próximo, as Olimpíadas para torcer e obter bons resultados também.
O sonho do hexa não acabou, recomeça agora, rumo a 2018!