O paraíso das borboletas

No verão dos anos 1950, o Sol atingia Paranavaí, no Noroeste do Paraná, com tanta intensidade que as crianças aproveitavam o calor do meio-dia para cozinhar ovos na areia. Afundavam o alimento no solo arenoso, aguardavam alguns minutos e depois o consumiam.
As mesmas crianças corriam descalças pela cidade, sem se importar com as bolhas que se formavam nas solas dos pés depois de minutos em contato com o chão cálido. Para os pequenos, tudo era diversão na época em que ninguém conseguia conservar a manteiga que derretia até na sombra.
Para os estrangeiros, Paranavaí era o paraíso das borboletas. Tal afirmação foi feita pelo padre provincial alemão Adalbert Deckert, de Bamberg, em artigo publicado na revista alemã Karmelstimmen em 1955.
“Borboletas grandes e coloridas cruzavam nosso carro o tempo todo. Algo que para nós europeus era uma original lembrança”, comentou Deckert. A opinião era partilhada por muitos estrangeiros.
Havia tantas espécies de borboletas em Paranavaí que era comum milhares pousarem nas rodas de um jipe. Quando o motorista parava o veículo, ele via os pneus “pintados” pela policromia das borboletas esmagadas acidentalmente com o giro das rodas.
“Também havia muitas mariposas com até seis centímetros de comprimento. Eram tão grandes e numerosas que quando invadiam a igreja zumbiam de tal maneira que dava até dor de cabeça”, revelou frei Adalbert.