O preço de um sonho

Rogério J. Lorenzetti*

Quando nos dispomos a participar da política entramos em uma espiral de acontecimentos, bons e ruins, da qual perdemos o controle e nem sempre achamos uma porta de saída com final feliz. Aliás, é comum termos grandes dissabores após um período de serviços prestados à população e ao país.

Políticos não são demônios nem santos. Simplesmente somos parte da nossa sociedade, com as qualidades e os defeitos que a maioria do povo brasileiro também tem.

O maior desafio que um de nós pode enfrentar é uma campanha presidencial, confiado a lideranças com um currículo diferenciado acompanhados de um grupo de pessoas e partidos ramificados em todo o território nacional. Uma tarefa gigantesca, cara e desafiadora que necessita de condições diferenciadas para ter êxito.

É muito difícil criar lideranças regionais, quanto mais um nome de peso para disputar uma eleição envolvendo interesses diversos e com amplitude nacional em um país de dimensões continentais como o Brasil.

Esta semana perdemos um dos candidatos a esta eleição que se aproxima. De forma trágica um político jovem, realizador, com tradição familiar herdada do seu avô, Miguel Arraes, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, finaliza sua existência terrena deixando uma lacuna importante no quadro político nacional.

Assim como aconteceu com outros líderes nacionais, deixa de forma precoce e traumática a vida pública, sem ter terminado seu trabalho e seu sonho de ser presidente do país que amava e queria servir.

Conheci ele como governador, em visita a Pernambuco. Embora não pessoalmente, tive contato com amigos comuns que relataram sua eficiência e dinamismo frente a este importante estado do Nordeste. Pude presenciar as obras de infraestrutura que estão fazendo a diferença na vida das pessoas que habitam aquele lugar, trazendo desenvolvimento e qualidade de vida à população.

Pagamos caro, às vezes, por nossos sonhos. Envolvendo amigos e a família buscamos, através dos cargos públicos exercidos, servir ao país e as nossas comunidades. Nem sempre reconhecidos, muitas vezes criticados e injustiçados, seguimos adiante com a determinação e conscientes do nosso papel na história e na vida daqueles que confiaram em nós, levando como missão a ser cumprida a busca constante de uma sociedade mais próspera, justa e feliz.

Alguns de nós, como ele, pagam com a vida, outros com a saúde, patrimônio, anos da nossa existência ou de outras formas.

Que Deus tenha misericórdia e receba a alma deste jovem idealista, juntamente com as demais vítimas do acidente e abençoe os demais candidatos para que possam seguir adiante, dando ao nosso país bons governantes eleitos e preenchendo a história do nosso Brasil com mais um período administrativo e ações efetivas para continuar nosso desenvolvimento, melhorando serviços e a vida do nosso povo.