O reino de Deus, aqui e agora… MC 4,26-34

Todos esperavam a libertação (Lc 24,1), mas cada um do seu jeito. É como se tivessem no bolso uma fotografia do Messias e que iam conferindo se batia os acontecimentos, se coincidiam, com a maneira em que eles pensavam a respeito do Messias e da Salvação.
Do ponto de vista político, os Fariseus são o grupo mais decidido e mais forte: são quem verdadeiramente mantém as tradições dentro do povo judeu. Influenciados ainda pelo entusiasmo guerreiro da época dos Macabeus, persuadidos de que o Reino de Israel virá e se estenderá até os confins da terra, estão prontos a tudo arriscar para realizar o sonho.
O povo adivinha neste homem maravilhoso o Messias, e insta com Ele para que aja. Mas Ele reserva-Se, pois sabe que a imagem que o povo faz do Reino de Deus é no fundo a mesma dos Fariseus. O povo traz-lhe os seus doentes, contam-lhe os seus infortúnios, escuta-O, encanta-se com suas palavras, abala-se com seus milagres, mas não chega a tomar posição clara, e oscila entre extremos conforme as paixões do momento.
Por meio das parábolas que aparecem no Novo Testamento, podemos nos aproximar do que Jesus sentia e pensava sobre o Reino de Deus que vinha anunciar, e a experiência própria de Jesus sobre o modo de agir de Deus, seu Pai. O tema das parábolas do Reino de Deus, não é teoria, mas como proclamação que exige uma resposta para ser compreendida. Quem aceita Jesus – (O Reino por Ele anunciado) compreende. Quem não aceitar se nega a compreender.
Jesus quer fazer as pessoas tomarem consciência do seguinte: É AGORA A HORA. O REINO DE DEUS ESTÁ DIANTE DAS PORTAS DA HISTÓRIA. Está pronto a penetrar nela. Tudo está maduro. Virai-vos para este lado! Dai lugar à plenitude dos tempos. Entrai no Mundo Novo! Caminhai com Ele.
Deus é o soberano do mundo e dos homens. Mas a maneira como Ele entra no mundo e se aproxima dos homens não é a do Soberano. Assim que entra no mundo torna-Se misteriosamente fraco. (Fl 2,5-11) É como se Ele renunciasse à sua Onipotência ao penetrar na existência. A partir do momento em que Ele está no mundo, é como se todas as forças do mundo fossem mais fortes do que Ele, e os argumentos do mundo adquirissem contra Ele razão. Assim também podemos compreender o Reino de Deus, tão pequeno e humilde perante as forças do mundo e dos Reinos do mundo. (Império Romano).
As Parábolas de crescimento (a semente, o fermento, o grão de mostarda) é justamente a alteração súbita que não está à disposição dos seres humanos. O ponto central aqui é: Algo grande surge de primórdios pequenos. O elemento decisivo, a semeadura já aconteceu. O pé de mostarda já está crescendo. O fermento está permeando a massa. Ou seja, o Reino já está presente.
O evangelho de Marcos compreende duas etapas: Uma de Sucesso, onde as multidões vão à Jesus e ficam admiradas com suas obras. Outra das Crises que se iniciam logo. Domingo passado vimos que os adversários e a sua própria família armam hostilidades contra Jesus, ao ponto Dele formar com os que lhe são fiéis a Nova Família (Família Dei), portanto as parábolas do capítulo quatro de Marcos estão no centro do conflito entre Jesus e seus adversários. São parábolas para superar a crise.
As comunidades cristãs fazem a pergunta: “Se Jesus é de fato o Messias, o Filho de Deus (Mc 1,1), porque não é aceito? Porque Ele não reage de forma mais convincente? Que atitude tomar diante da indiferença, ou hostilidade em relação ao Projeto de Deus? Por que o Reino não acontece de uma vez e transforma este mundo e julga e condena os pecadores e os grandes que nos oprimem?
O Reino de Deus tem força irresistível (vs.26-29) – é uma resposta à essas perguntas. Em meio aos conflitos, crises e resistências, o importante é IR SEMEANDO. É o que Jesus e o que devem fazer os cristãos. Confiando na força do Reino presente, apesar das aparências.
Pequenez e grandeza do Reino (vs. 30-32) – a parábola do grão de mostarda ilumina o contraste entre o início e o resultado da ação de Jesus e dos cristãos. A proposta do Reino: pequena em seu início, insignificante por causa dos conflitos e resistências, mas grandiosa em seu resultado, tornando-se universal: as aves do céu representam nações e povos que vão aderindo ao Projeto de Deus, semeado por Jesus, beneficiando-se dele. O Reino de Deus será o ponto de encontro de todos os povos! O Reino já chegou, está no meio de nós, no AQUI E AGORA, mas caminha para a realização plena no Futuro, acolhamos e colaboremos para a sua chegada.

Frei Filomeno dos Santos O.Carm.