O sucateamento da Polícia Rodoviária Federal
Dirceu Cardoso Gonçalves*
Sempre que um serviço público é desativado total ou parcialmente, o grande prejuízo é da comunidade usuária. O encolhimento da Polícia Rodoviária Federal é um desses grandes danos e deve ser festejado pelos ladrões de cargas e outros malfeitores que agem nas estradas brasileiras.
De outro lado, os usuários comuns que tiverem o infortúnio de um acidente, morrerão mais facilmente porque o socorro torna-se mais deficiente. Na contramão da segurança, ainda há a possibilidade de mais sinistros porque, com menor fiscalização, o desrespeito à sinalização e às normas de trânsito tende a ser maior.
Ainda mais: fica mais fácil o tráfico de armas e drogas, que hoje potencializam a violência no território nacional e, como todos sabem, chegam por via rodoviária às cidades onde se encontram seus usuários.
Sucatear a Polícia Rodoviária Federal é, no mínimo, um grave erro estratégico. Por mais dificuldades financeiras que enfrente, o governo não deveria promover cortes tão profundos no custeio da estrutura de segurança.
Sem os serviços das polícias, a sociedade, além de sofrer, acabará causando maiores desembolsos em outras áreas. Um simples acidente tem elevado custo porque, fora os prejuízos materiais aos envolvidos, ainda há a saída temporária do acidentado do seu trabalho, os custos hospitalares e previdenciários, entre outras despesas.
Além da Polícia Rodoviária, também se noticia cortes de verbas na Polícia Federal, que poderão reduzir a sua força de trabalho nesse momento crucial por que passa o país.
Quando isso ocorre em nível federal, é de se imaginar que poderá se repetir nos estados, que são os titulares da segurança pública e mantêm suas polícias civil, militar e rodoviária.
Se os governos estaduais – que vivem grande crise financeira – também optarem por reduzir o tamanho (ou a força) de suas polícias, aí sim, o povo estará totalmente desamparado.
As polícias estaduais têm sido insuficientes para conter a escalada do crime. Isso é uma realidade nacional. Em todas as corporações existem milhares de vagas que os governos não preenchem por falta de recursos destinados a honrar salários e encargos.
As viaturas e equipamentos são velhos e sucateados. Oxalá os governadores não sigam o exemplo de Brasília. Seria um duro golpe na sociedade e a decretação da falência do serviço e até da instituição pública…
*Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)