O valor de uma promessa
Na terça-feira, às 20h, o Projeto Mais Cinema vai exibir na Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade o filme “O Pagador de Promessas”, do cineasta Anselmo Duarte. Um dos maiores clássicos do cinema nacional, a obra, inspirada na peça de Dias Gomes, conta a história de um homem do campo que viaja sete léguas com uma cruz nas costas para pagar uma promessa. A entrada é gratuita.
No filme de 1962, Zé do Burro (Leonardo Villar) chega à cidade machucado pelo peso da cruz sobre o ombro, resultado de um voto que fez à Santa Bárbara para que o seu fiel companheiro, um burro, fosse curado de uma grave enfermidade. Mas o grande problema surge quando o agricultor tenta entrar na Igreja de Santa Bárbara com a cruz, sendo impedido pelo Padre Olavo (Dionísio Azevedo) ao saber que Zé fez uma promessa à santa em um terreiro de candomblé.
Aproveitando-se da inocência do matuto homem do campo, uma infinidade de pessoas tentam se aproximar com as mais diversas intenções. Um exemplo é o jornalista interpretado por Othon Bastos que explora com sensacionalismo e inverdades a figura de Zé como um revolucionário messiânico. A repercussão da publicação atrai visitantes, patrocinadores oportunistas e a polícia que começa a encarar o produtor rural como um agitador social.
A beleza de “O Pagador de Promessas” está na simplicidade e linguagem canhestra do protagonista, alheio ao materialismo e malícias da modernidade. Em alguns aspectos, o filme lembra a crítica social das fases mexicana e espanhola do cineasta Luis Buñuel e também o cinema neorrealista de Pier Paolo Pasolini, principalmente a passagem da mercantilização da fé de Uccellacci e Uccellini.
No início da obra, símbolos religiosos europeus e africanos se misturam no mesmo ambiente, evocando uma ideia de unidade da fé sustentada em amor incondicional e livre de preconceitos. Ao mesmo tempo, a percussão arcaica e dissonante da cena introduz o espectador ao caos que ainda vai ser vivido por Zé do Burro.
Outro ponto marcante é o contraste entre o barulho e o silêncio total, além da aridez do cenário e a fotografia angustiante que em vários momentos aspira ao desconforto e derrotismo. “O Pagador de Promessas” foi o único filme nacional a receber a Palma de Ouro, prêmio mais importante do Festival de Cannes. Ao final da exibição do filme, o jornalista David Arioch faz uma análise e abre espaço para o público fazer perguntas.
No filme de 1962, Zé do Burro (Leonardo Villar) chega à cidade machucado pelo peso da cruz sobre o ombro, resultado de um voto que fez à Santa Bárbara para que o seu fiel companheiro, um burro, fosse curado de uma grave enfermidade. Mas o grande problema surge quando o agricultor tenta entrar na Igreja de Santa Bárbara com a cruz, sendo impedido pelo Padre Olavo (Dionísio Azevedo) ao saber que Zé fez uma promessa à santa em um terreiro de candomblé.
Aproveitando-se da inocência do matuto homem do campo, uma infinidade de pessoas tentam se aproximar com as mais diversas intenções. Um exemplo é o jornalista interpretado por Othon Bastos que explora com sensacionalismo e inverdades a figura de Zé como um revolucionário messiânico. A repercussão da publicação atrai visitantes, patrocinadores oportunistas e a polícia que começa a encarar o produtor rural como um agitador social.
A beleza de “O Pagador de Promessas” está na simplicidade e linguagem canhestra do protagonista, alheio ao materialismo e malícias da modernidade. Em alguns aspectos, o filme lembra a crítica social das fases mexicana e espanhola do cineasta Luis Buñuel e também o cinema neorrealista de Pier Paolo Pasolini, principalmente a passagem da mercantilização da fé de Uccellacci e Uccellini.
No início da obra, símbolos religiosos europeus e africanos se misturam no mesmo ambiente, evocando uma ideia de unidade da fé sustentada em amor incondicional e livre de preconceitos. Ao mesmo tempo, a percussão arcaica e dissonante da cena introduz o espectador ao caos que ainda vai ser vivido por Zé do Burro.
Outro ponto marcante é o contraste entre o barulho e o silêncio total, além da aridez do cenário e a fotografia angustiante que em vários momentos aspira ao desconforto e derrotismo. “O Pagador de Promessas” foi o único filme nacional a receber a Palma de Ouro, prêmio mais importante do Festival de Cannes. Ao final da exibição do filme, o jornalista David Arioch faz uma análise e abre espaço para o público fazer perguntas.