Oito pessoas cometeram suicídio na região neste ano
O Brasil vive o mês de prevenção ao suicídio. A mobilização, dentro do chamado Setembro Amarelo, se justifica pelas estatísticas mundiais de que a cada 40 segundos uma pessoa tenta se matar. São 800 mil mortes ao ano. No país são mais de 10 mil pessoas tirando a própria vida todos os anos, uma tentativa a cada 45 minutos.
E a região de Paranavaí engrossa as estatísticas. Somente neste ano são oito suicídios, conforme levantamento da 14ª Regional de Saúde, feito a pedido do Diário do Noroeste. Sem contar as tentativas. No Paraná acontece um suicídio a cada 12 horas.
Mantendo essa tendência, os números fecharão 2017 de forma parecida com 2012, o ano de referência para a análise dos dados. Naquele período (2012) foram 16 homicídios na região. Desde então, uma tendência anual de crescimento, com 2015 sendo a exceção.
Conforme o levantamento, em 2013 o total de casos aumentou em 6,25% em relação a 2012. Para o ano seguinte, aumento de 24%, seguido da queda de 28% em 2015. Para 2016, um novo salto, agora de 60%. Os dados fornecidos pela Regional são com base no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM).
Homens lideram de forma absoluta o triste ranking do suicídio com 78% dos casos. Já em relação às tentativas de suicídios o índice se inverte. No Sistema de Notificação de Agravos, 72% das tentativas são cometidas por mulheres e 28% por homens.
Como detalha a assistente social Maria da Penha Francisco, os dados da 14ª Regional confirmam o estudo da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais, divulgado em 2014, que mostrou que 78,1% dos suicídios no país em 2012 foram cometidos por homens.
MAIS COMUM – Conforme o Grupo de Aconselhamento Nacional para Prevenção do Suicídio na Inglaterra, o risco é maior entre os homens porque relutam em buscar ajuda.
Maria da Penha analisa que a informação sobre os homens se reflete em todas as áreas da saúde. Tanto que os indicadores e os dados básicos para a saúde apontam que a mortalidade masculina é consideravelmente maior em relação à mortalidade feminina.
“É fato que doenças como depressão, ou toda questão ligada a conflitos emocionais, presentes na população masculina, historicamente, são tratadas como sinais de fraqueza, o que dificulta o diagnóstico e consequentemente o tratamento. Desta forma, quando da tentativa do suicídio, as formas são mais letais”.
PREVENIR É A MELHOR OPÇÃO – Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015), 800 mil pessoas se suicidam no mundo. A cada 40 segundos, uma pessoa tenta se matar.
A OMS afirma também que 90% dos suicídios poderiam ser evitados e, justamente por isso, várias instituições que trabalham com o tema se uniram para criar a campanha Setembro Amarelo, que existe desde 2014.
A proposta do movimento é justamente debater o assunto para que, dessa forma, suicidas em potencial possam ter acesso a meios de buscar ajuda e tratamento.
O suicídio deve ser tratado como uma questão de saúde pública, cabendo ao poder público, ações e campanhas educativas e preventivas, bem como a qualificação constante de profissionais da área da saúde, para a correta abordagem do suicida potencial.
FALAR SOBRE O ASSUNTO
Diversos fatores podem impedir a detecção precoce e, consequentemente, a prevenção do suicídio. O estigma e o tabu relacionados ao assunto são aspectos importantes.
Durante séculos de nossa história, por razões religiosas, morais e culturais o suicídio foi considerado um grande "pecado", talvez o pior deles. Por esta razão, ainda há medo e vergonha de falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública.
O reconhecimento dos fatores de risco e dos fatores protetores é fundamental e pode ajudar o profissional de saúde a determinar clinicamente o risco e, a partir desta determinação, estabelecer estratégias para reduzi-lo.
O detalhado conhecimento dos fatores de risco pode auxiliar os profissionais de saúde a delimitarem populações nas quais os eventos poderão ocorrer com maior frequência. Os dois principais fatores de risco são: tentativa prévia de suicídio e doença mental.
Pacientes que tentaram suicídio têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado.
Estudos apontam que quase todos os suicidas tinham uma doença mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente não tratada ou não tratada de forma adequada.
Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, alcoolismo, abuso e dependência de outras drogas, além de transtornos de personalidade e esquizofrenia. Pacientes com múltiplas comorbidades psiquiátricas têm um risco aumentado, ou seja, quanto mais diagnósticos, maior o risco.
(Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria, Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio. Brasília: CFM/ABP, 2014).