Operários da Bridgestone entram no 44º dia de greve

Os funcionários da Bridgestone em Camaçari (BA) completaram ontem o 44º dia de greve. O impasse com a direção da multinacional faz com que a empresa trabalhe hoje com 60% da sua capacidade de produção, que é de 8.000 pneus por dia.

O principal motivo da greve na Bridgestone é a questão salarial. Os trabalhadores pedem 8% de reajuste real, mais reposição da inflação, o que eleva o aumento para 13%. Hoje, o salário médio na empresa é de R$ 1.700, segundo o presidente do Sindborracha (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Borracha), Clodoaldo Gomes.

A empresa oferece reajuste de 5%. São 630 funcionários e, ainda de acordo com o sindicato, apenas 9% dos operários voltaram ao trabalho. A diretora de Recursos Humanos da empresa, Simone Hosaka, contesta a afirmação e diz que mais da metade dos trabalhadores está de volta à fábrica.

A categoria pede ainda aumento na participação nos lucros para R$ 10 mil, ampliação no valor pago pelo adicional noturno e acréscimo de 30 minutos no período do almoço.

O presidente do Sindborracha afirma que a insatisfação com as condições de trabalho na fábrica vem desde o ano passado, quando houve uma greve de 14 dias.

Gomes diz que há casos de assédio moral na empresa e que processos têm sido registrados na Justiça do Trabalho. "Os trabalhadores querem a fábrica funcionando, mas querem ser respeitados e reconhecidos pelo papel que executam", disse.

A diretora de RH nega a acusação de assédio moral e afirma que a Bridgestone trabalha com um "forte programa de ética". Sobre o reajuste salarial, afirmou que a atual situação do mercado impede um aumento maior.

A Bridgestone espera agora uma proposta do sindicato sobre como será o desconto dos dias parados. Os salários dos grevistas foram suspensos.

Para não prejudicar os clientes, parte da produção que não pode ser realizada na Bahia é transferida para outras unidades. O grupo possui fábricas em Santo André (SP), Campinas (SP) e Mafra (SC).