Opinião pública protege Lava Jato, diz Moro

O apoio da opinião pública à Operação Lava Jato é importante para barrar tentativas de obstrução da Justiça por parte dos investigados, afirmou nesta sexta-feira (15) o juiz federal Sergio Moro, em evento nos Estados Unidos.
"Nesses casos envolvendo políticos, diretores e donos de empresas, é importante ter a opinião pública do seu lado, para evitar qualquer tipo de obstrução da Justiça, especialmente num país que não tem uma longa tradição na aplicação da lei nesse tipo de caso", afirmou Moro, durante uma homenagem que recebeu na American University, em Washington.
Um dos pontos positivos da grande repercussão gerada pela Lava Jato, disse ele, foi tornar o processo judiciário mais conhecido dos brasileiros. "Dizem que hoje em dia no Brasil todo mundo sabe os nomes dos juízes do Supremos, mas não dos jogadores da seleção", brincou.
O juiz voltou a citar a lentidão da Justiça como um dos principais problemas na luta contra a impunidade dos corruptos, mas ressaltou que o governo e o Legislativo "também têm que fazer o seu dever de casa". Questionado por um participante do evento por que políticos corruptos continuam a ser eleitos no Brasil, Moro disse que é algo "perturbador".
Sem citar o nome do político, ele lembrou o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) como símbolo dessa impunidade eleitoral.
"Temos um deputado com um mandado de prisão internacional emitido aqui, em Nova York, e outro emitido pela França. Mas ele continua sendo deputado", disse. "É estranho que as pessoas continuem a votar nessa pessoa".
Para ele, isso talvez ocorra devido à influência econômica do candidato, que muitas vezes usa recursos proveniente de atividades criminosas, o que lhe dá vantagem sobre políticos honestos. A pressão popular, disse, é fundamental para mudar essa situação.

Ao comentar que a Lava Jato já sofreu "centenas de recursos", Moro fez piada: "Às vezes nem consigo ir ao banheiro sem que chegue um recurso". Ele defendeu a importância de agilizar o sistema judicial. "Temos leis lindas e modernas, mas muitas vezes o sistema simplesmente não funciona."