Ortigara defende Paraná livre de aftosa sem vacinação em maio de 2018

O Paraná com status de área livre de febre aftosa sem vacinação, já a partir de maio de 2018. É o que defende o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, em visita ao Diário do Noroeste, ontem. Falou ainda de outros temas, como a integração lavoura/pecuária/floresta, além da organização da cultura da mandioca.
Para cumprir o objetivo de área livre de aftosa, o Paraná tem questões para resolver com o Mato Grosso do Sul. O caminho mais rápido (e radical) é a implantação de barreiras sanitárias, impedindo o trânsito de animais vindo daquela unidade da federação.
No entanto, há também o componente político, por isso, Ortigara espera chegar a um entendimento através do diálogo. Criadores do Paraná trazem animais do estado vizinho para engordar no Paraná. Isso acrescenta outro fator a ser ponderado: o econômico.
Ainda assim, o secretário lembra que está mais fácil atingir e manter o status de livre da doença sem vacina. Pelas novas regulamentações da OEA (Organização dos Estados Americanos), são 90 dias após a incidência de foco para uma unidade voltar ao status anterior, naturalmente, adotando-se as medidas sanitárias. As Américas não registram casos de aftosa desde 2011.
Para que o Paraná seja declarado livre sem vacina, deve deixar de imunizar o rebanho já em maio de 2017. Essa suspensão significará muitas vantagens, pontua Ortigara. Uma delas é a economia imediata de R$ 30 milhões em doses de vacina. Outro quesito é que o animal deixará de sofrer com os “calombos” provocados pela vacina. “Se dependesse apenas de mim, já teria mudado”, reitera.
INTEGRAÇÃO – O secretário defende o modelo de florestas como atividade econômica e o consórcio entre a pecuária e outras culturas. Adverte que é preciso produzir pasto de qualidade para obter gado bovino de boa qualidade.
Nesta perspectiva, a agricultura pode contribuir para revitalizar a terra e, por consequência, melhorar o pasto, item determinante para que o rebanho possa se desenvolver mais rápido, oportunizando vantagens competitivas e econômicas.
O Mato Grosso do Sul tem vários exemplos bem-sucedidos em lavoura/pecuária. Na região de Paranavaí igualmente há boas iniciativas, com a agricultura revitalizando o solo para posterior reinserção da bovinocultura.
Ortigara concorda que é preciso investimento com a integração, no entanto, a técnica se mostra vantajosa. Modernizar a produção e melhorar a produtividade são irreversíveis, já que o modelo antigo de exploração extensiva não dá conta de remunerar o produtor como em outros tempos.
Também o modelo de floresta é um negócio em ascensão. O secretário destaca que no Paraná há grandes investimentos em papel e celulose tal como a Klabin.
Para o Noroeste, a exploração de florestas tem mercado no setor moveleiro e de geração de energia. “Lavoura/pecuária/floresta é uma prática rentável”, defendeu, advertindo para a necessidade de investir e o tempo do retorno.
MANDIOCA – O secretário Ortigara falou ainda sobre a mandiocultura. Admitiu que a instabilidade é um dos problemas do setor.
No ano passado, por exemplo, a tonelada da raiz caiu para menos de R$ 140,00, muito abaixo dos custos de produção, numa das grandes crises do setor. Na contramão, hoje a mesma tonelada ultrapassa R$ 450,00 na região e há casos de mais de R$ 600,00 no país.  
Um dos fatores que interferem é a entrada dos chamados aventureiros, pessoas que plantam quando o preço está bom. Ocorre que isso gera superprodução e consequente queda de preço. A maioria acaba fazendo mau negócio e todos recuam, criando crises de falta de produção e descapitalizando o produtor tradicional.
Esse cenário não interessa a produtores e nem à indústria, defende. O caminho é debater um meio termo, algo menos instável, fala o secretário. O Paraná concentra 58% da indústria brasileira de fécula de 70% da produção. Na visão do secretário, uma demonstração de produtividade e competitividade.
FIMAN – Sobre a Fiman (Feira Internacional da Mandioca), o secretário fez elogios. Opinou que eventos técnicos e comerciais são importantes para reunir a cadeia produtiva.
Opina que grandes feiras acabam se tornando festas populares, mas com pouco espaço para o debate sobre as culturas. No caso da Fiman, uma chance única de integrar o setor e conhecer experiências de várias regiões, inclusive de outros países.
Na visita ao DN, o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, estava acompanhado de Carlos Costa Jr, superintendente regional da Adapar/Paranavaí; Antonio Souza Santos, gerente regional da Emater/Paranavaí; Davi Antonio Oliveira Barizão, administrador/Iapar de Paranavaí; Gabriel Back, chefe do núcleo regional da Seab em Paranavaí; e Ronaldo Carlos Faccin, chefe regional da Seab de Maringá.