PA vai além de suas obrigações, diz diretora

“O Pronto Atendimento Municipal está cumprindo rigorosamente com o objetivo para o qual foi criado. Está, inclusive, indo além, pois, por questões humanitárias, abriga, com todos os cuidados, pacientes que já deveriam ter deixado a unidade e sido internados num hospital. Por conta da falta de leito hospitalar alguns destes pacientes continuam a receber atendimento na unidade”.
A afirmação é da nova diretoria do PA de Paranavaí, enfermeira Suzi Meire Clemente Silva Gimenez, que acrescentou: “Temos casos de pacientes que ficaram quase três semanas no PA esperando por uma vaga. É que a central de leitos acaba priorizando os casos mais graves”.
Suzi Gimenez assumiu o cargo há 15 dias e cita lei municipal 1.623/93, que criou o Pronto Atendimento, para defender seu funcionamento. Pela lei, o PA foi criado com o objetivo de “prestar atendimento médico-ambulatorial diuturnamente à população”. E deixa claro que a unidade “prestará serviços de saúde considerados urgência e emergência, exceto casos que exijam estrutura hospitalar de internamento e os ambulatoriais eletivos que serão atendidos pela rede SUS, postos e núcleo”.
Suzi Gimenez enfatiza que o PA tem atendido os pacientes que correm risco iminente de vida e com dor profunda, o que caracteriza a urgência e emergência. Mas este grupo representa pouco mais de 10% dos atendimentos do Pronto Atendimento.
A enfermeira lembra que a literatura sobre o assunto registra com frequência que estas unidades são procuradas por pacientes que deveriam ser atendidos nos postos de saúde. Outra dificuldade encontrada nestas unidades, conforme relata especialistas no assunto, é o número exagerado de acompanhantes, o que causa a sensação de superlotação e aumenta o risco de contaminação. “E Paranavaí, infelizmente, não foge à regra”, lamenta ela.
A falta de leitos hospitalares leva o PA a uma situação curiosa. “Sem leito hospitalar o pronto atendimento presta assistência aos pacientes até que saia a vaga. Com isso há uma lotação acima da capacidade e algumas pessoas acabam recebendo atendimento em macas. Só que por agir assim a unidade acaba sendo criticada”, conta Suzi.
Para o secretário municipal de Saúde, Agamenon Arruda de Souza, se faz um juízo errado do PA. “Quando há atendimentos nos corredores não significa que o PA está mal organizado ou não está cumprindo com sua função. Significa que está faltando leito hospitalar na cidade e para não deixar pacientes desassistidos, os médicos e enfermeiros do Pronto Atendimento estão se desdobrando para dar um atendimento mínimo àquele paciente até que saia a vaga hospitalar. Em vez de críticas, os servidores merecem elogios por esta atuação”, diz ele, acrescentando que, às vezes, crianças são colocadas nas macas para receber soro para que não precisem ficar no colo da mãe. “É uma forma humana de atendimento”, explica o secretário.
FRENTES DE TRABALHO – Sobre o relatório de inspeção realizado no Pronto Atendimento, Suzi Gimenez revela que foram abertas três frentes de trabalho para fazer correções.
Os problemas apontados foram classificados como de estrutura física, equipamentos e mobiliários, protocolos e procedimentos, e comportamento dos servidores. Para cada situação há uma frente de trabalho.
No que se refere a problemas apontados cuja solução depende exclusivamente do comportamento dos servidores, foi feita reunião com os coordenadores de turno, que se encarregaram de conversar com os servidores e a fazer uma fiscalização mais rigorosa. Neste quesito, praticamente todos os problemas apontados foram resolvidos.
As informações são da assessoria de imprensa da Prefeitura.
A coordenadora de enfermagem do PA, Silvana Geres Robles Torres, ficou encarregada de atualizar e providenciar protocolos e procedimentos. E a própria Suzi está acompanhando pessoalmente a solução de problemas de estrutura física, equipamentos e mobiliários. E já estão sendo implantados protocolos de normas e rotinas e o plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, além do regimento interno de enfermagem.
“Alguns dos pontos apontados no relatório referia-se à falta de documentos. Os documentos existiam, faltou só apresentar. Outros dependiam de atualização, o que está sendo providenciado”, afirma a diretora. Lembra também que a falta de funcionários já está sendo minimizada com alguns remanejamentos. Além de Silvana, que assumiu a Coordenação Geral de Enfermagem, outros quatro profissionais foram deslocados para aquela unidade de saúde.
Pequenos reparos já foram realizados e já aconteceu a instalação de suporte para material perfurocortante, recipientes para sabonete líquido e papel toalha e torneiras e tampas para vasos sanitários. O prédio está recebendo uma nova pintura. A parte externa está quase concluída e na próxima semana começa a pintura na parte interna. As cadeiras da recepção foram substituídas e o telhado consertado. Também o material de descarte que estava no pátio do Pronto Atendimento foi removido.
“Além disso – informa Suzi – algumas soluções dependem de licitação e já estamos providenciando e encaminhando a documentação para dar início ao processo licitatório”.
Suzi acredita que os problemas serão resolvidos. Informa que, daqui três meses, será feita uma grande reunião interna para fazer avaliação do que avançou e o que ainda está pendente de solução. “Percebo que há boa vontade dos servidores em resolver todas as situações. Fui muito bem recebida no P.A. e estou convencida de que a população continuará sendo atendida com dignidade e respeito no Pronto Atendimento”, enfatiza a nova diretora.
O secretário Agamenon Arruda também não tem dúvidas de que a população continuará recebendo o devido atendimento na hora de urgência e emergência.
“Às vezes ouço críticas e fico pensando: será que a população tem ideia do que seria a cidade sem o Pronto Atendimento? Será que a pessoa que está irritada porque está demorando seu atendimento tem consciência de que a equipe pode estar atendendo um infartado, que exige muitos cuidados? Será que aquela enfermeira que coloca um paciente numa maca para dar mais conforto a ele na hora de receber o soro tem consciência de que será criticada por tentar fazer o melhor? Será que a população tem consciência de que mais de cinco mil pessoas são atendidas todos os meses no PA por uma equipe qualificada e que uma minoria, que recebeu atenção médica, medicamento, tudo de graça, é que reclama? Sinceramente, acho que não”, desabafa o secretário.
Mas ele emenda: “não serão as críticas ou a ingratidão que vão nos desestimular a mim ou à minha equipe. Toda a equipe da Secretaria de Saúde trabalha para oferecer sempre mais e melhores serviços. E desta missão ela não arreda pé”.