Papa exalta a família em missa para milhares no Equador

SÃO PAULO (FOLHAPRESS) – O papa Francisco celebrou, na segunda-feira, em Guayaquil, no Equador, a primeira missa campal de seu giro pela América do Sul dos "mais frágeis", perante centenas de milhares de fiéis.
Durante sua homilia, o pontífice afirmou que a família deve ser ajudada, ressaltando que esse auxílio não deve ser entendido como "uma forma de esmola", mas como uma verdadeira "dívida social com relação a essa instituição, que tanto fornece bem comum a todos".
O papa também disse que, em família, aprende-se a ser servidor e a não "descartar" ninguém. Segundo ele, nessa instituição também se aprende a pedir "perdão quando prejudicamos alguém ou brigamos".
Francisco também contou que, quando perguntavam à sua mãe de qual de seus cinco filhos mais gostava, ela não fazia comparações. "São como os dedos das minhas mãos, se picam este dedo, dói do mesmo jeito que o outro".
No segundo dia de uma visita que também o levará à Bolívia e ao Paraguai, Francisco viajou cedo da capital equatoriana, Quito, a Guayaquil. Ele chegou de avião e depois iniciou seu percurso de carro em direção ao Santuário do Senhor da Divina Misericórdia, nos arredores de Guayaquil, onde se reuniu com 2.000 convidados.
Aguardando nos dois lados da rua com bandeiras e chorando de emoção, milhares de pessoas saudaram a caravana. Francisco fez o percurso com a janela aberta distribuindo sorrisos e bênçãos.
Ao chegar ao santuário, o papa brincou com os fiéis, ao afirmar: "Dou a bênção a vocês. Não, não vou cobrar nada, mas peço, por favor, que rezem por mim. Prometem?", declarou.
SIMPLICIDADE – Em suas primeiras horas no Equador, Francisco já deu mostras da simplicidade e da simpatia que o tornaram famoso no mundo: deixou que tirassem “selfies” no aeroporto, permitiu que um jornalista beijasse sua mão e saiu surpreendentemente para abençoar os fiéis que o aclamavam durante a noite nos arredores da Nunciatura Apostólica, onde está hospedado, não sem antes pedir que deixassem os vizinhos dormir.
Em sua nona viagem ao exterior, que se estenderá até 12 de julho, Francisco passará por três países de maioria católica e com um histórico de pobreza e desigualdade.
Francisco convidou o presidente equatoriano, Rafael Correa, a incentivar "o diálogo e a participação sem exclusões" após um mês de protestos no país contra e a favor do governo.

Francisco defende união e inclusão

O papa Francisco defendeu, ontem, o uso da evangelização como um instrumento de união entre as pessoas, durante missa para 900 mil pessoas no Parque Bicentenário de Quito, no Equador.
Esta é a segunda missa no país e o último evento antes de Francisco seguir para a Bolívia. A chegada do pontífice fez com que se acalmassem os ânimos no país, que passou por quatro semanas de protestos contra o presidente Rafael Correa.
Em sua homilia, Francisco propôs a evangelização como uma forma de "união de aspirações, sensibilidades, ilusões e até de certas utopias". Ele ainda defendeu a necessidade de lutar pela inclusão e pela comunicação e o diálogo.
"Seria superficial pensar que a divisão e o ódio afetam só as tensões entre os países ou os grupos sociais. Na verdade, são a manifestação deste difuso individualismo que nos separa e nos confronta, da ferida do pecado no coração das pessoas."
Para o papa, é necessário trabalhar para conseguir a paz. "É impensável que brilhe a unidade se a mundanidade espiritual nos faz entrar em guerra entre nós, em uma busca estéril de poder, prestígio, prazer ou segurança econômica".
Nesse sentido, Francisco citou como exemplo os processos de independência da América Espanhola. "A história nos conta que aquele grito de liberdade brandido há 200 anos só foi contundente quando deixamos de lado os personalismos".