Para amigos, sequestrador de Brasília era “cara pacato”
Santos libertou o mensageiro José Ailton, 55, e se entregou à polícia por volta das 16h. Não houve feridos.
José Alves de Souza, tio de Jac, acompanhou o sequestro pela televisão e disse estar chocado com o ocorrido. "Ele sempre foi um menino tranquilo, nunca deu trabalho. Nunca esperamos ver o que estamos vendo agora", disse, quando a ação ainda não tinha chegado ao fim.
Foi ele quem socorreu a mãe de Jac, Lourdes Souza, quando ela foi informada da situação do filho. "Ela teve que ir para o hospital e ser medicada. Minha irmã não estava acreditando", contou.
Segundo o tio, Santos nasceu e cresceu no município de Combinado, no sudeste do Tocantins. Irmão caçula de quatro filhos, de acordo com o familiar, Jac tem muitos amigos na cidade onde sempre morou.
Um dos amigos de infância dele, Deibson Moreira de Araújo, estudou com Santos da 7ª série ao ensino médio. Foi ao pai dele que o jovem teria contado sobre a viagem à Brasília.
"Meu pai e Jac trabalham juntos. Ele se encontrou com meu pai no último sábado e avisou que iria para Brasília no fim de semana, mas que estaria de volta na segunda de manhã. No escritório, ele deixou para a mãe uma carta de duas páginas. A carta tinha um tom de despedida e era um pedido de desculpa, mas não especificava o que ele ia fazer ou se ele ia fazer algo", disse.
Araújo contou que o amigo nunca se envolveu em brigas e aparentemente era um "cara pacato". Disse, no entanto, que na adolescência ele teve episódios de "agressividade consigo mesmo".
"Ele nunca brigou com ninguém, mas, às vezes, perdia a paciência com ele mesmo e ficava nervoso, agressivo com ele mesmo", afirmou.
Glória Pereira, que trabalhou ao lado de Santos durante quatro anos na Prefeitura de Combinado, no período em que ele foi secretário de Agricultura e Agropecuária na cidade, disse que não acreditava no envolvimento dele no sequestro.
"O Jac que eu conheço não é essa pessoa que está fazendo isso. Ele sempre foi um cara sonhador, que acreditava numa política diferente, mas nunca foi agressivo. Nem mesmo se alterava. Toda a cidade está sem acreditar, todo mundo está abalado com o que está acontecendo", afirmou.
Santos está envolvido com a política local e trabalha em um comitê eleitoral. Em 2008, foi candidato a vereador.
Arma era de brinquedo
A Polícia Civil informou que a arma do sequestrador que fez um homem refém por cerca de sete horas em um hotel em Brasília era de brinquedo. As bombas que estavam em um colete preso na cintura do refém ainda seriam analisadas, mas a polícia mantém a análise inicial feita pelos peritos de que é quase 100% de certeza de que os explosivos eram verdadeiros. No entanto, ainda precisa de uma perícia do material.
O sequestrador Jac Souza dos Santos se hospedou pela manhã no hotel e, em seguida, rendeu o mensageiro, mantendo-o refém no 13º andar do estabelecimento. Ao ser libertado, o refém chorou e foi encaminhado para exames em um hospital.
A polícia relatou que, em determinado momento do sequestro, o criminoso entregou um CD com um arquivo de áudio em que pedia desculpas para a sua família, para a polícia e imprensa, e dizia que era “hora de o gigante acordar”, segundo relato do delegado Paulo Henrique Almeida.
O delegado disse ainda que a escolha do 13º andar pelo sequestrador não foi aleatória, mas teria conotação política. O número é o mesmo da legenda do PT. Já a escolha do hotel Saint Peter, que ofereceu emprego ao ex-ministro José Dirceu em 2013, não foi mencionada pelo criminoso.