Para indigenista, morosidade da Justiça é desculpa para atrasar demarcações
O governo usa a morosidade da Justiça como desculpa para o pequeno número de demarcações de terras indígenas, afirma o ex-presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) Márcio Santilli. Em reunião com índios, os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e José Eduardo Cardozo (Justiça) responsabilizaram a demora da Justiça pela continuidade de alguns conflitos. Segundo Santilli, que é fundador do Instituto Socioambiental (ISA), o Planalto é omisso mesmo em casos que não estão judicializados: há hoje 21 processos de demarcações de terras parados no Ministério da Justiça. De acordo com ele, na gestão Dilma, uma média de 400 mil hectares dessas áreas foi demarcada anualmente. Seu antecessor, Lula, criou 2,3 milhões de hectares por ano, em média, e FHC, 5,1 milhões. Santilli também respondeu ao argumento de que há muita terra para poucas aldeias: "Da extensão total, 98,5% estão na Amazônia Legal. Pouco mais de 1% está no resto do país, onde vive metade da população indígena".