Para jornais internacionais, prisão de Dirceu é “divisor de águas”

A condenação a 10 anos e 10 meses de prisão de José Dirceu pelo STF (Supremo Tribunal Federal), anteontem, foi destaque na imprensa internacional. Além de Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente do partido José Genoino, também foram condenados por corrupção ativa e formação de quadrilha. Os três formam o "núcleo político" do mensalão, segundo a denúncia.
Para o "The New York Times", a condenação de Dirceu, "uma das figuras mais importantes no governo do PT", causa um "choque" no sistema político brasileiro, e é um "divisor de águas" num país acostumado a ver a impunidade prevalecer sobre casos de corrupção. O jornal ainda fala que, no Brasil, é "muito raro" políticos passarem muito tempo presos, seja por corrupção ou outros crimes.
O espanhol "El País" fala sobre a condenação do núcleo político e o desentendimento entre o relator Joaquim Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski sobre a ordem da decisão das penas. Anteontem, Lewandowski se irritou com a mudança de ordem da dosimetria aplicada por Barbosa e deixou a sala. O jornal fala que Dirceu afirma que sua condenação foi "política" e que irá recorrer da condenação internacionalmente.
O periódico francês "Le Monde" registra a condenação do ex-primeiro-ministro do governo Lula, que foi considerado culpado por usar sua posição de liderança tanto no governo, quanto no PT para corromper parlamentares.
CELA ESPECIAL – Relator do processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Joaquim Barbosa disse ontem que os 25 condenados no processo não terão direito a cumprir pena de regime fechado em cela especial.
Os ministros do Supremo ainda estão definindo o tamanho das punições. Alguns réus, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), o operador do mensalão Marcos Valério e a dona do Banco Rural Kátia Rabello, receberam mais de 8 anos de prisão e terão que cumprir inicialmente a punição na cadeia.
Barbosa explicou que a prisão especial só cabe em casos de prisão provisória. "A prisão especial é só para quem está cumprindo prisão provisória e não definitiva", disse.
Questionado sobre a situação de Dirceu, o ministro não quis falar em casos específicos dos réus, mas avaliou o cenário geral. "Não vamos falar sobre pessoas", afirmou.
O Código Penal estabelece que os detentores de diploma de curso superior, ministros, governadores, delegados, parlamentares e militares "serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva".