Paraná lança programa para se tornar referência em qualidade de carne
A pecuária bovina de corte representa um ativo importante na pauta de exportações e para o abastecimento do mercado interno. O programa contém medidas para fortalecer e tecnificar o setor e, também, para tornar o Paraná autossuficiente na produção de bezerros. A duração inicial é de dez anos.
“Como o Paraná não é dos maiores produtores de gado de corte do país, nosso objetivo é tornar o estado reconhecido pela qualidade da carne. Vamos apoiar os produtores para uso de novas tecnologias e manejo do rebanho”, afirmou o governador Beto Richa. Ele destacou a importância do setor para economia paranaense e brasileira, em especial no momento de crise econômica nacional.
Na presença de presidentes de sindicatos rurais e pecuaristas, Richa ressaltou a importância do agronegócio e lembrou que o setor garante, anualmente, o superávit na balança comercial brasileira. “O agronegócio cria empregos e tem levado o Brasil nas costas”, disse.
Ele reafirmou o compromisso do governo estadual com o setor e enumerou avanços dos últimos anos, como a criação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), que atua na adoção de medidas de prevenção e preservação da sanidade da produção agropecuária.
“O governo estadual faz o que está ao seu alcance para que o Paraná possa conquistar o reconhecimento de área livre de aftosa, sem vacinação. Isso garantirá mais exportações e renda aos produtores paranaenses”, disse Richa.
TECNOLOGIAS PRODUTIVAS – Com o programa de modernização da pecuária de corte, os produtores poderão ter a renda elevada, com aumento da produtividade proporcionada pelo rápido giro do capital investido e do abate de animais mais jovens, através da adoção de tecnologias produtivas mais eficientes.
O resultado pretendido é a produção de carcaças com tipo e padrão de qualidade, adequados às necessidades da indústria, o que permitirá a oferta de carne de qualidade com regularidade e padronização, em conformidade com os requisitos de sanidade e segurança alimentar.
O programa quer viabilizar a cadeia produtiva da carne bovina, desde a produção até a industrialização e comercialização, por meio da integração e cooperação entre todos os envolvidos.
NOVOS MERCADOS – De acordo com o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o programa vai incentivar cerca de 56 mil propriedades de bovinos de corte a adotarem modernas técnicas de produção. Isso permitirá que os produtores possam se beneficiar ainda mais do mercado, que está favorável à produção de carnes.
“Queremos melhorar muito para que o Paraná seja reconhecido por produzir uma carne macia, suculenta e saborosa”, disse. “O Paraná tem grande potencial para participar das exportações brasileiras, cuja tendência é de elevação. Por isso, o Governo do Estado decidiu apoiar com mais intensidade esse setor”, afirmou Ortigara.
A modernização vai refletir no aumento de renda do pecuarista e também preparar o Estado para quando for definitivamente instalado o processo de área livre de febre aftosa sem vacinação.
Oferta de 480 mil bezerros a mais por ano
Na última década, o rebanho paranaense perdeu cerca de 10% do número de cabeças em função do abate de matrizes. O resultado foi a redução na produção de bezerros em número suficiente para movimentar a cadeia produtiva dentro do Estado. “É preciso melhorar o desempenho do Estado que ainda produz pouco por hectare utilizado”, avaliou o secretário Norberto Ortigara.
A meta, com o Programa de Modernização da Pecuária de Corte, é aumentar a taxa de natalidade média do estado para ter uma oferta de 480 mil bezerros de corte a mais anualmente. Em dez anos, o rebanho bovino diminuiu de 10 milhões para 9,2 milhões cabeças.
Muitas matrizes foram abatidas com o avanço do cultivo da soja e da cana-de-açúcar sobre as áreas de pastagens, que ofereciam mais renda ao agricultor. “Queremos equilibrar essas atividades, porque tanto a agricultura como a pecuária geram renda e empregos no campo e ajudam a fortalecer a economia do Paraná”, disse Ortigara.
Propriedades de referência, capacitação e financiamento
O Programa de Modernização da Pecuária de Corte está alicerçado nas alterações dos índices zootécnicos do rebanho, na criação de propriedades de referência, realização de seminários para os pecuaristas e a busca de linhas de financiamento mais adequadas ao setor.
Nos índices zootécnicos, as metas traçadas para um período de 10 anos são reduzir a idade de abate, dos atuais 37 meses, em média, para 30 meses; elevar a produção de carcaça dos atuais 137 quilos por hectare/ano para 210 quilos/por hectare ano; elevar a taxa de desfrute dos atuais 21% para 25% e ampliar a ocupação em áreas de pastagens, de 1,4 cabeça por hectare para 2 cabeças por hectare.
O pecuarista contará com o apoio da assistência técnica pública e privada, além de capacitação que será oferecido pelo Senar. Serão criadas 250 redes de referência em propriedades modelo em tecnologia de produção e de manejo do rebanho. A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, em parceria com a Faep, irá realizar seminários em todos os municípios, durante dois anos.
O coordenador do programa explicou que também está sendo trabalhada melhorias nas linhas de crédito oferecidas ao pecuarista para reter matrizes e elevar a produção de bezerros. Linhas de financiamentos aos produtores serão disponibilizadas pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica, Fomento Paraná e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
As ações iniciais envolvem a realização de um ciclo de eventos em 2015 e 2016. A expectativa é a realização de pelo menos 20 eventos regionais, por todo o estado, preferencialmente em propriedades de destaques.
A primeira ação efetiva do programa será a criação de um comitê gestor, composto por representantes da Secretaria da Agricultura, da Emater, Adapar, Iapar, Faep, das universidades estaduais e federais, do Fundepec e do Senar.