Parque de Agroinovação pode impulsionar a cadeia produtiva da mandioca e de citros
Uma iniciativa que reúne entidades públicas e privadas vai acelerar o processo de desenvolvimento tecnológico na região Noroeste do Paraná. Está previsto para maio deste ano um seminário para discutir o modelo de governança, que será adotado na construção do Parque Tecnológico de Agroinovação, em Paranavaí, e terá foco nas culturas da mandioca e de citros.
A iniciativa, que conta com o apoio de diversas entidades, entre elas o SENAR-PR e o Sindicato Rural de Paranavaí, pretende aproveitar as potencialidades já existentes na região para dinamizar ainda mais estas duas cadeias produtivas, atraindo empresas e gerando sinergia entre seus diversos fatores, produzindo conhecimento tecnológico e renda.
A proposta faz parte da política estadual de criação de parques tecnológicos, coordenada pelas secretarias estaduais da Ciência e Tecnologia e da Fazenda, lançada no ano passado.
A criação destes parques tem como função incentivar as parcerias entre universidades, centros de pesquisa, indústrias e produtores rurais para o desenvolvimento de novas tecnologias e novos negócios.
A escolha da região que deveria abrigar este parque tecnológico deve-se à vocação do Noroeste para estas culturas. A região responde por 34% da produção de mandioca do Estado.
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estatual de Agricultura e Abastecimento (Seab), a produção do núcleo de Paranavaí prevista para este ano é de 950 mil toneladas da raiz. No Paraná, a previsão é de um total de 2,8 milhões de toneladas.
A região também conta com um parque industrial consolidado, responsável pela maior produção de fécula do país.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (Simp), João Eduardo Pasquini, das 85 fecularias ativas no Brasil, 45 estão no Paraná, que responde por 70% da produção nacional de fécula. Apenas a região Noroeste produz 40% do total nacional.
“A relevância do Noroeste no setor de amido é muito grande”, afirma. Na opinião de Pasquini, com o Parque Tecnológico de Agroinovação seria possível desenvolver novos produtos com o amido, além de alimentos, como medicamentos, álcool para perfumaria e outros.
Na área dos citros, o Noroeste se destaca com 53% da produção de laranjas do Estado, com Paranavaí respondendo por 20% das frutas. A região também possui indústrias de grande porte na área de sucos.
Pesquisa
Outra vantagem competitiva de Paranavaí está na presença de instituições de pesquisa, como o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o Centro Tecnológico da Mandioca (Cetem), que atua na produção de novas tecnologias para a produção e processamento da raiz, a Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR).
De acordo com o coordenador do Cetem, Claodemir Grolli, diversas pesquisas que já vêm sendo desenvolvidas pelo centro poderão ser ampliadas com a criação do Parque Tecnológico de Agroinovação.
Atualmente, temas como o plantio direto da mandioca, o Manejo Integrado de Pragas (MIP), mecanização, busca de novas variedades e novas aplicações industriais para o amido de mandioca já são pesquisados na região. “Vai contemplar desde a agricultura até o mercado”, observa.
Segundo Grolli, o Parque de Agroinovação funcionaria como uma espécie de “shopping center tecnológico”, que reuniria num só lugar laboratórios, incubadoras de empresas, instituições de pesquisa e outras entidades que poderiam fornecer assessoria gerencial e tecnológica para aqueles que tivessem interesse de investir.
O governo do Estado deve fomentar esse processo por meio de uma política de incentivos fiscais, cujo modelo final ainda está em discussão.
Para o diretor de inovação do Iapar, Tadeu Filismino, trata-se de um espaço físico que reúne os diversos parceiros de uma cadeia produtiva com foco na pesquisa.
“Acima de tudo é um habitat de inovação, que reúne universidades, empresas de tecnologia, centros de pesquisa e diversos outros serviços e facilidades que aceleram o desenvolvimento tecnológico, a geração e atração de empresas”, diz.
Na sua opinião, a região de Paranavaí possui o melhor “cluster” empresarial organizado do mundo em mandioca.
A afirmação de Filismino refere-se à visita de uma comitiva
francesa, realizada em dezembro do ano passado, cujos integrantes ficaram impressionados com a organização do setor.
“Esse processo teve uma contribuição muito grande da FAEP, pois a base desse trabalho é o sindicato rural”, avalia.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Paranavaí e vice-presidente da FAEP, Ivo Pierin Júnior, o setor produtivo da mandioca é conhecido nacional e internacionalmente. No ano passado, o município sediou a Feira Internacional da Mandioca (Fiman). “Esse é o local adequado para um empreendimento como esse”, afirma.
Na opinião de Pierin, com o advento do parque, muitas empresas incubadas poderiam vir a utilizar o amido de mandioca como matéria-prima para outros produtos, agregando valor à produção e fortalecendo a cadeia produtiva. “Esse modelo de parques vem dando certo em muitos países”, observa.
De acordo com o dirigente, neste processo o SENAR-PR poderá ter um papel importante na construção de uma nova mentalidade entre os mandiocultores.
“O SENAR-PR pode, por meio de alguma capacitação na área da economia, tirar a cultura da mandioca do sistema especulativo, no qual todo mundo trabalha à mercê do mercado”, avalia. O sobe e desce do preço das raízes poderia ser menor com planejamento e diálogo entre produtores e indústrias. “Se racionalizar a oferta, você diminui essas variações e todos ganham”. (Da revista Sistema Faep)
53%
da produção
de laranjas do Paraná são
colhidas na região de Paranavaí
40%
da produção
brasileira de fécula de
mandioca são produzidas na
região de Paranavaí
“É um habitat
de inovação, que
reúne universidades,
empresas de tecnologia,
centros de pesquisa e
diversos outros serviços
e facilidades que aceleram
o desenvolvimento
tecnológico, a geração
e atração de empresas”
Tadeu Filismino,
diretor de inovação do Iapar