Passeata chamará atenção para a causa autista

O leitor provavelmente já ouviu falar em autismo. Mas, no geral, pouco se sabe sobre o tema.
Para chamar a atenção da sociedade e despertar para a causa autista, haverá amanhã uma passeata em Paranavaí, com concentração na Praça dos Pioneiros às 14 horas e caminhada pela Rua Getúlio Vargas até a Prefeitura.
A organização é do Grupo ProdTea – Paranavaí (Pais Responsáveis Organizados Pelas Pessoas com Deficiência e Transtorno Espectro Autista). Composto por 85 mães, o grupo está articulado em Paranavaí desde 2016.
A presidente do ProdTea, Karina Gardim, explica que a ideia surgiu a partir da experiência do Mato Grosso do Sul, onde o grupo está funcionando desde 2015. O objetivo comum é atentar para a causa autista.
Porém, um item se destaca na missão: o acesso ao diagnóstico e ao posterior acompanhamento por equipe multidisciplinar. O sistema público de atendimento apresenta diversos gargalos, avalia.
O primeiro desafio para o diagnóstico é que há carência de profissionais que atendam. Karina detalha que o primeiro passo é uma consulta de neuropediatria, especialista concorrido no serviço público.
Após o diagnóstico, a batalha continua, já que o paciente necessita de profissionais, tais como psiquiatras, psicólogos e outros. Hoje o acesso se dá através do Caps (Centro de Atendimento Psicossocial), nem sempre a altura das necessidades, pontua.
Mãe de um menino autista de 8 anos, Karina informa que o filho está na rede pública de ensino e, após uma longa batalha, ele tem o suporte mínimo para que possa ser inserido.
Ela ressalta que autismo não tem características físicas, mas, sim, comportamentos diferentes. “É um transtorno”, cita, atentando para o fato de que há graus distintos, passando por leve, médio, moderado e severo.
A PASSEATA – Já que o desafio é a inclusão, nada melhor do que promover a passeata no Dia da Criança, opina Gisele Makino, mãe de uma menina autista de cinco anos. “Para saber que existimos”, diz, reiterando o convite a toda a comunidade paranavaiense. O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é 2 de abril, conforme proposta da Organização das Nações Unidas (ONU).
As mães Karina e Gisele, neste mês especial dedicado às crianças, dão a fórmula para encarar o autismo como parte da vida, oportunizando integração à comunidade: amor e paciência. A passeata, mais do que o ato, pretende caminhar nesta direção.
FIQUE ATENTO – Como parte do trabalho de conscientização, o ProdTea tem um panfleto com os principais sintomas do autismo. São eles: Fala ruim ou ausência de fala; Choro ou risadas inapropriadas; Falta de habilidade em se relacionar; Hiperatividade ou muita passividade; Sensibilidade a alguns sons; Falta de consciência do perigo; Apego a objetos diferentes; Dificuldade em lidar com alterações de rotina; Brincar de forma estranha com brinquedos. Fique atento, busque apoio. Em Paranavaí, Grupo ProdTea – (44) 99903-7431.  
ATENDIMENTO PÚBLICO – Pais ou responsáveis que tiverem dúvidas em relação ao autismo devem levar os filhos inicialmente a uma unidade básica de saúde (UBS). Caberá ao médico o encaminhamento, explica a coordenadora de Saúde Mental da 14ª Regional de Saúde, Jéssica Jorge Francisco.
Nos casos de Paranavaí e Loanda o encaminhamento se dá para o Caps – Centro de Atenção Psicossocial (Paranavaí tem o Caps-I – Infantil). Onde não há Caps, as crianças e adolescentes diagnosticados são atendidos na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
Jéssica lembra que nas Apaes o acompanhamento tem foco na educação. Por isso, atendimentos de saúde (psicológicos, psiquiátricos, etc.) são direcionados ao CRE (Centro Regional de Especialidades). Aí, um novo desafio, pois, conforme a presidente do ProdTea, Karina Gardim, há fila para o setor de neurologia.
EXPLICANDO – O autismo é uma síndrome que afeta vários aspectos da comunicação, além de influenciar também no comportamento do indivíduo.
Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de dois milhões de autistas.
São mais de 300 mil ocorrências só no Estado de São Paulo. Contudo, apesar de numerosos, os milhões de brasileiros autistas ainda sofrem para encontrar tratamento adequado. (fonte:USP.br/espacoaberto)