Passeata pede o fim da violência contra mulheres

Para marcar o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher, Paranavaí se mobilizou e um grupo foi às ruas pedir o fim dessa realidade que persiste em agredir, não apenas a mulher, vítima direta da ação machista, mas a cidadania e todo sentimento de urbanidade.
A passeata neste sábado de manhã foi organizada por um grupo de lideranças a partir do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, entidades e instituições. A presidente do Conselho, Leonar Araújo Cardoso, apresentou números e reflexos de uma realidade preocupante.
Neste ano, 21 casos foram ou estão atendidos pelo CREAS – Centro de Referência Especializado da Assistência Social. São mulheres que sofrem de sequelas físicas, mas, sobretudo, de consequências psicológicas por causa de agressões por maridos, companheiros e até familiares dentre eles irmãos e pais.
As consequências persistem em muitos casos, tanto que outras sete mulheres, vítimas em 2016, ainda estão em tratamento no CREAS.
A situação da violência contra a mulher tem efeitos que passam por gerações. Atuando no serviço público de assistência desde o final da década de 1990, Leonar disse que as crianças reproduzem a agressividade vista em casa, geralmente manifestada pelo pai.
Reflete na escola, por exemplo, com crianças respondendo a qualquer contrariedade com violência. “Isso é tão preocupante porque perpetua a lógica da violência”, lamenta.
REFLEXÃO – A professora Maria Inez Barbosa Marquez integra o Núcleo de Educação para Relações de Gênero (Nerg), da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). Falou da importância das atividades. Lembra que neste ano foram seis dias de debates, a partir das comemorações do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro.
Conforme a professora, a sociedade deve refletir alguns dados. Um deles é que a violência contra mulheres brancas caiu, enquanto que houve aumento em relação às mulheres negras. Cita ainda que a comunidade deve debater na perspectiva de gênero, raça/etnia e sexualidade. Assim identificar a maior incidência contra as negras e garantir proteção a toda as mulheres brasileiras.
Ela antecipa que nos próximos dias deverá ser assinado o documento que vai garantir a implantação do Núcleo Maria da Penha na Unespar. Será um grupo multidisciplinar, um serviço de atendimento à mulher vítima de violência.
DELEGACIA – Titular da Delegacia da Mulher, a delegada Fernanda Bertoco Mello demonstrou preocupação com o fim do ano, quando há aumento nos números de violência contra a mulher. No centro dessa proporção, o uso de álcool e outras drogas.
A média de ocorrências registradas na delegacia da Mulher continua entre 60 e 70 denúncias ao mês em 2017, incluindo Paranavaí, Amaporã e Nova Aliança. 2016 terminou com mais de 500 inquéritos instaurados em Paranavaí, volume semelhante ao verificado em 2015.
O Paraná registra 62 casos de violência física ou moral contra a mulher por dia, o que dá uma média de cinco casos a cada duas horas ou ainda um caso a cada 24 minutos. No Brasil 13 mulheres morrem todos os dias vítimas de agressão.
Diante dos números, a delegada entende que eventos como a passeata de ontem ajudam a conscientizar, já que a Polícia trabalha com a repressão no dia a dia. Também pode alertar que violência doméstica é crime. Agressores de mulheres são presos em flagrante, reforça.
A secretária de Assistência Social, Tasiane Cristina de Souza, e o vereador Carlos Alberto João falaram da importância da participação dos setores públicos em ações como a mobilização de ontem. Na mesma medida, destacam o papel das entidades e das pessoas na luta contra a violência.
Outras lideranças locais se revezaram ao microfone, pontuando lutas da sociedade e a defesa da mulher contra qualquer tipo de violência. Após as falas e concentração na Praça dos Pioneiros, o grupo saiu em passeata até o pátio da Prefeitura.
Os manifestantes distribuíram durante todo o percurso panfletos fazendo alusão ao Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher. Também estimula a denúncia através do telefone 180 ou no Conselho Municipal – (44) 3901-1132 ou CREAS (44) 3902-1017.
Antes da dispersão, o Conselho informou solicitação para que seja instituído um projeto de lei em Paranavaí estabelecendo o 25 de novembro como o Dia Municipal da Não-violência Contra a Mulher.