Pecuaristas precisam investir em novas tecnologias, diz professor da UFPR

A falta de investimentos em novas tecnologias tem feito com que a pecuária perca cada vez mais espaço para a agricultura. “O setor tem uma cultura de atraso. Há resistência por parte dos produtores e dos técnicos”, avaliou Paulo Rossi Junior, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Ele esteve em Paranavaí na última quinta-feira para ministrar a palestra “Indicadores técnicos e de qualidade da pecuária paranaense”. O evento faz parte de um ciclo de debates que vai passar por oito regiões do Paraná. Os principais objetivos são traçar um diagnóstico do setor e buscar soluções para os problemas identificados.
“Queremos conhecer as especificidades de todas as regiões do Estado e levantar dados sobre a pecuária de corte. Depois, vamos formar planos de ações”, disse Rossi Junior. Os resultados, previu o professor, aparecerão em médio e longo prazo, mas “é preciso começar este trabalho o quanto antes”.
Segundo ele, as reuniões se estenderão até dezembro deste ano e serão fundamentais para a criação de padrões tecnológicos condizentes com as necessidades de cada região paranaense. “A partir daí, vamos criar uma cartilha, um manual que servirá como base para os trabalhos de técnicos e pecuaristas”.
Rossi Junior presta consultorias a produtores de gado de corte há 20 anos. Das experiências que teve até agora, concluiu que o grande desafio é promover mudanças. Mas avaliou: “Ou tomamos providências para fortalecer a pecuária ou a pecuária acaba”.
Ele não considerou a declaração radical. Ao contrário, disse que a realidade é facilmente identificada – o avanço da cana de açúcar em áreas antes destinadas às pastagens é exemplo desta perda de espaço da pecuária de corte.
PARANAVAÍ – O professor da UFPR disse que a região Noroeste do Estado é extremamente promissora. As características topográficas, destacou Rossi Junior, favorecem as pastagens. Não é à-toa que Paranavaí tem a segunda maior população de gado de corte do Paraná.
A proximidade com São Paulo e Mato Grosso do Sul garantem valorização da produção local. “São duas regiões consumidoras, com facilidade de acesso ao gado de corte de Paranavaí”, assinalou o professor. Para ele, o que determinará o sucesso cada vez maior do setor será a capacidade de encontrar alternativas competitivas e rentáveis.
PALESTRAS – Paranavaí foi a primeira cidade a sediar as reuniões do ciclo de palestras e debates. Depois, será a vez de Pato Branco, Guarapuava, Santo Antônio da Platina, Ponta Grossa, Londrina, Umuarama e Cascavel. A organização é dos sindicatos rurais de todo o Estado, da Universidade Federal do Paraná e da Federação de Agricultura do Estado do Paraná.