“Pela saúde da democracia, temos de defendê-la contra o golpe”, afirma Dilma

BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (4), durante discurso na 15ª Conferência Nacional de Saúde, que “pela saúde da democracia, nós temos de defendê-la contra o golpe”.
Dilma reafirmou a convicção quanto à “improcedência e inconsistência” das razões que fundamentam o pedido de abertura de processo impeachment contra o seu mandato.
“Eu não cometi nenhum ato ilícito. Nenhum ato ilícito previsto na nossa Constituição. Não tenho conta na Suíça, não tenho na minha biografia nenhum ato de uso indevido do dinheiro público. Meu governo praticou todos os atos dentro do princípio da responsabilidade com a coisa pública. Portanto não tem fundamento o processo do meu impedimento”, enfatizou.
A presidente também disse que o governo federal enfrentou ao longo deste ano um “movimento sistemático que questionava os resultados legítimos da eleição de 2014”.
“A possibilidade de provocar prejuízo ao Brasil, prejuízo à população, ao povo do nosso País, foi aceita em nome da pior política possível, que é a política do quanto pior, melhor. Pior para nós, melhor para alguns poucos”.
Dilma destacou ainda que vai fazer a defesa do seu mandato “com todos os instrumentos previstos em nosso Estado democrático de direito”, e que vai continuar dialogando com todos os segmentos da sociedade para mostrar que essa luta não é a favor de uma pessoa, de um partido ou de grupos de partidos.
“É uma luta em defesa da democracia desse País. Não vamos nos enganar, o que está em jogo agora são as escolhas políticas que nós fizemos nos últimos 13 anos. São 13 anos em favor da soberania do Brasil em defesa sistemática do povo brasileiro, do emprego da renda de oferta de serviços de qualidade”, salientou.
“VOU LUTAR” – A presidente Dilma Rousseff disse ontem que vai lutar contra a abertura do processo de impeachment porque nada fez que justificasse o pedido. Em discurso na 15ª Conferência Nacional de Saúde, ela avaliou que, pela saúde da democracia brasileira, é preciso lutar contra o golpe.
“As razões que fundamentam essa proposta são inconsistentes e improcedentes. Eu não cometi nenhum ato ilícito”, afirmou. “Meu governo praticou todos os atos dentro do princípio da responsabilidade com a coisa pública”, completou, em meio a gritos de “Não vai ter golpe” e “Fora Cunha”, da plateia.
De acordo com a presidente, o que está em jogo são escolhas políticas feitas ao longo dos últimos 13 anos. Ao fim do discurso, Dilma garantiu que vai defender o seu mandato com todos os instrumentos de um Estado de Direito.
“Essa luta não é em favor de uma pessoa, de um partido ou de um grupo de partidos. É uma luta em favor da democracia brasileira”, disse. “Vou lutar contra esse pedido de impeachment porque nada fiz que justifique esse pedido e, principalmente, porque tenho um compromisso com a população deste país”.

PT afirma que pedido de impeachment não passa de sórdida vingança
A Comissão Executiva Nacional do PT disse, em nota divulgada ontem que o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff acatado pelo presidente da Câmara dos Deputados na quarta-feira (2), Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não passa de “sórdida vingança”. A comissão se reuniu na sede do PT, na capital paulista, durante a tarde.
“O pedido de impeachment, cujos autores se comprazem com o oportunismo do presidente da Câmara, não passa de sórdida vingança. Como se sabe, o indigitado mandatário, acuado por denúncias de corrupção e às voltas com dois processos à espera de manifestação do STF, respondeu com truculência e ilegalidade à rejeição de manobras espúrias para proteger o cargo e o mandato”, diz a nota distribuída à imprensa.
De acordo com o PT, Eduardo Cunha tentou trancar o processo contra ele no Conselho de Ética por meio de “barganha espúria”, proposta “prontamente repelida pelo partido”. “A presidente Dilma e o PT honraram compromissos históricos e rechaçaram o método da chantagem, reafirmando a disposição de defender, a qualquer custo, os valores éticos que sempre pautaram nossa conduta”.
Segundo o PT, o presidente da Câmara, então, reagiu com a abertura do processo de impeachment, “sem qualquer embasamento na legislação vigente. Não há qualquer fato ou decisão, sob alçada da presidente do país, que possa ser considerado crime de responsabilidade”.
A nota critica os grupos e partidos que defendem o impeachment, e afirma que eles desejam atropelar o resultado das eleições e destruir conquistas fundamentais do país. “Não passa de uma ameaça golpista, um verdadeiro tapetão, que deve ser contestado nas ruas e nas instituições nacionais”.
O partido ainda pede que sua militância a inicie mobilização contra o impeachment: “O Partido dos Trabalhadores se coloca em estado permanente de mobilização e convoca sua aguerrida militância a ocupar o lugar que lhe cabe, com firmeza e generosidade, nas trincheiras da democracia”.