“PELA TUA PALAVRA LANÇAREI AS REDES!”

No capítulo quatro de São Lucas, Jesus iniciou sua missão, até agora, era só Ele que anunciava a Boa-Nova do Reino. Agora outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão junto com Jesus.
Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa-Nova para o povo. Assim, pela força do Espírito o Novo vai abrindo caminho e a transformação vai acontecendo.
Lucas coloca o chamado dos primeiros discípulos depois que a fama de Jesus já se tinha espalhado por toda a região (Lc 4,14). Jesus já havia curado muita gente (Lc 4,40) e pregado nas sinagogas de todo o país. (Lc 4,44) O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus. (Lc 5,1) Lucas torna o chamado mais compreensível.
Lc 5,1-3 – Jesus ensina a partir da barca. O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor, que Ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e de lá responde à “expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um Mestre, mas Ele fala a partir da Barca de um pescador. A novidade consiste no fato de Ele ensinar não só na Sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tenha gente que queira escutá-Lo, até mesmo na praia.
Lc 5,4-5 – “Pela tua Palavra lançarei as redes!” – Terminada a instrução ao povo Jesus se dirige a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desanimo: “Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!”. Mas confiantes na Palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A Palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite! É o que estava acontecendo nas Comunidades do tempo de Lucas, e acontece conosco, até hoje.
Lc 5,6-7 – O resultado é surpreendente – A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra Barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma Comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as Comunidades, também no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam.
Lc 5,8-1 – “Sejam pescadores de gente!” – A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber quem ele é: “Afasta-te de mim, Senhor, por sou um pecador!”. Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um Mistério fascinante: mete medo e atrai ao mesmo tempo. Jesus afasta o medo: “Não tenham medo!” e os chama: “Venham!” Ele os compromete na missão e manda que sejam pescadores de gente. Eles experimentam, bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ela é capaz de fazer acontecer o que diz. Em Jesus rudes trabalhadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, “Deixaram tudo e seguiram Jesus!”
Lucas apresenta Jesus chamando e reunindo gente ao seu redor. Chama Pedro, Tiago e João  (5,1-1). Chama Levi (5,27-31). Escolhe os doze (6,12-15). Atrai homens e mulheres (8,1-3). Manda a pessoa curada anunciar a Boa-Nova (8,38-39). Envia os doze em missão (9,1-6) e indica as condições para poder segui-lo (9,22-23). Assim vai se formando uma Comunidade, constituída de homens e mulheres (8,1-3). Ela é modelo para as Comunidades do tempo de Lucas que continuam a missão libertadora de Jesus. O poder e a força que nelas atuam vêm do próprio Jesus. Através das Comunidades, o Novo vai abrindo caminho, transformando a história. Embora nascida do AT. E em continuidade com Ele, a Comunidade que se forma ao redor de Jesus apresenta uma grande novidade em relação do antigo Israel. Nesse Novo Povo não há excluídos: Jesus chama e acolhe leprosos (5,12-16); paralíticos (5,17-26); publicanos e pecadores (5,27-32), pagãos e estrangeiros (7,1-10), pobres, famintos, tristes e perseguidos (6,20-22). Convida todos eles para a comunhão de mesa (5,30). Transgride normas como jejum (5,33-39) e o sábado (6,1-11), quando se tornam motivo de exclusão.
Frei Carlos Mesters – O Avesso é o lado Contrário – pgs. 61-62).
Jesus os escolheu para “que estivessem com Ele e para enviá-los a pregar” (Mc 3,14). Para que o seguissem com a finalidade de “ser D’Ele e fazer parte “Dos seus, e participar da sua missão. Nós também, na Palavra do Senhor somos chamados a segui-Lo como Discípulos, conviver com Ele e ser enviados como Missionários.