Perdão – A libertação da Alma

Saber perdoar a nós próprios e a quem nos fez mal pode não ser fácil. Porém é algo muito necessário para nos libertarmos das sequelas que o ato do não-perdão pode nos causar. Em meu consultório, tenho atendido com frequência pessoas "obesas" de ódio, vingança, rancores e raiva, e esses sentimentos acabam desencadeando no corpo as dores de cabeça, as gastrites, as ansiedades, os estresses e depressões que "inexplicavelmente" surgem nas vidas dos pacientes. E por que é tão difícil perdoar? Talvez porque muitos confundem o perdão com a aceitação de uma injustiça e fazer de conta que nada aconteceu. Quando temos esta capacidade de perdoar, em vez de ficarmos imersos na dor e no ressentimento, estamos trilhando um novo caminhar no sentido de voltar a amar e de encontrar esse amor dentro de nós e para com os outros.
Perdoar NÃO É esquecer! Perdoar é, acima de tudo,  uma decisão! A forma de ficarmos completamente libertos da mágoa e curados dessas feridas.  Perdão é uma decisão. Se você diz que o perdoou apenas porque teve pena do culpado, mas sempre se lembra do erro da pessoa que te magoou toda vez que comete qualquer outro erro, então você não o perdoou. Apenas o "sequestrou" a você. Uma das situações onde mais ocorre isso sem dúvida, é no casamento. Ninguém é obrigado a ficar com ninguém mesmo depois de perdoar o ofensor. Aliás, para que duas pessoas se separem, é essencial que se perdoe. No entanto, se decidem continuarem juntos, então que o tema da ofensa NÃO volte, nunca mais! O perdão não apaga a memória dos fatos, mas tira a carga emocional negativa e nociva deles, porém se a cada nova ofensa tudo voltar, é porque perdão nunca houve.
O grande desafio do perdão é desistir da ofensa do outro como direito nosso contra ele. Quem perdoa não perde a memória, mas desiste do direito de acusar ou reter essa lembrança negativa como raiva ou crédito. Por isso o perdão é um ato de amor e fé, e não de emoção. Pela emoção, ninguém perdoa ninguém. Enquanto o ato de perdoar for um fardo, uma obrigação, todo o perdão será um sacrifício. Perdão na vida e em vida, é a libertação e a cura para os males psicológicos e até físicos na vida de quem ofendeu, e sobretudo, do ofendido. Sem fé e confiança nenhum casamento ferido pode ser curado, mesmo quando há amor!
Quando não há perdão, qualquer motivo é razão para separação. Quando não há perdão, qualquer pequenina coisa se agiganta, pequenas desavenças transformam-se em guerras. E pequenas feridas se convertem em cânceres incuráveis.
É o temperamento incompatível, o gênio difícil e agressivo de um ou do outro; é a altura, a feiúra, a gordura ou o mau hálito; etc. E quando não há esse espírito de perdão, motivos dos mais insignificantes podem desencadear o divórcio. Divórcio é o amargo remédio para aqueles que não aceitaram a terapia própria no tempo próprio. Divórcio é a "amputação" para os que não se deixaram tratar enquanto havia tempo de cura.
Quando um casamento acaba é porque antes do fim, já acabara o diálogo, já acabara o sexo, já acabara a vida em comum. O casamento morre quando morre o diálogo, quando morrem o respeito e o espírito de perdão. Sem perdão, ainda que continuem debaixo do mesmo teto, as almas se divorciam. Sem perdão, não há unidade que sobreviva numa relação familiar. Sem perdão, não há cura e libertação genuína na mente e no coração do ser humano. Talvez por isso que Mahatma Gandhi tenha dito: "Os fracos não conseguem perdoar. O perdão é o atributo dos fortes”.


Colaboração de
Marcelo Fernando Rojas Rios