Pesquisador da Embrapa alerta para a doença “couro de sapo” na mandioca
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) detectou a presença de uma nova doença nas lavouras da mandioca. O “couro de sapo” ou “couro de jacaré”, como é conhecida, é “uma doença cuja etiologia é atribuída ao mesmo tempo a um complexo de espécies de vírus e a um fitoplasma”, como explica o pesquisador Saulo Oliveira, da Unidade de Mandioca e Fruticultura da Embrapa em Cruz das Almas, Bahia. O problema já havia sido detectado nas lavouras do Amazonas, Pará e Bahia e mais recentemente foi registrado no Paraná. “O couro de sapo apresenta um alto potencial de danos à cultura da mandioca, podendo inviabilizar a produção em toda uma região”, alerta o pesquisador da Embrapa.
Oliveira diz que a doença normalmente só é percebida por ocasião da colheita, quando se tem o contato com a raiz, já que não até agora as pesquisas não detectaram qualquer sintoma do mal na parte aérea da cultura. “Os sintomas se caracterizam pela presença de sulcos ou lábios nas raízes, com diminuição do diâmetro, engrossamento da película, sendo que esta fica com aspecto corticoso e de difícil desprendimento, a entrecasca fica opaca e também de difícil desprendimento. A maioria das cultivares conhecidas, quando infectadas pelos patógenos do couro de sapo, não expressam sintomas na parte aérea, sendo os danos somente percebidos durante a colheita, fato que dificulta ainda mais seu controle”.
O pesquisador da Embrapa relata que a moléstia “pode provocar redução em torno de 70% na produtividade ou até mesmo perdas totais em variedades suscetíveis. Os vírus/fitoplasma podem também reduzir drasticamente a qualidade do produto, especialmente os teores de amido, cuja diminuição pode variar de 10% a 80%. Devido a relatos constantes de ocorrência dessa doença em diferentes regiões e no Paraná, é fundamental a adoção de estratégias de manejo, uma vez que não pode ser ignorada como um problema potencial para a região, já que as condições de clima e plantio mecanizado favorecem e muito o desenvolvimento da doença”.
MUDAS DE QUALIDADE – Saulo Oliveira informa que a maneira mais eficiente para prevenir o couro do sapo é fazendo uma “seleção rigorosa do material de plantio, evitando a introdução de material de áreas afetadas, ou seja, pelo uso de manivas sadias”.
Adverte que “em áreas de ocorrência da doença, deve-se realizar a eliminação de plantas doentes dentro do cultivo (roguing). Até o momento, a limpeza de plantas infectadas só é possível em escala de laboratório ou por meio de câmaras térmicas. Nesse sentido, a Embrapa recomenda a utilização de manivas ou mudas de mandioca com qualidade fitossanitária assegurada, como é o caso das mudas produzidas junto ao projeto Reniva (Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária), ou mesmo a adoção de câmaras de tratamento térmico”
Segundo ele as câmaras térmicas são estruturas similares a casas de vegetação, produzidas com custo mais baixo que permitem a limpeza de materiais infectados, por meio da utilização de altas temperaturas (até 55° C), com eficiência de até 80% para a maioria das doenças de mandioca.