Pires na mão
Rogério Lorenzetti*
Uma das reformas urgentes que o Brasil necessita é a reforma fiscal. De um lado impostos escorchantes inibem novos investimentos e reduzem o poder de compra dos assalariados. De outro uma divisão injusta retorna aos municípios brasileiros, uma parte do bolo tributário estimada em 15% a 20% das receitas de impostos.
As pessoas moram nas cidades e no campo, as autoridades mais próximas do povo são prefeitos e vereadores, mas esta repartição dos recursos advindos dos impostos tira dos municípios a autonomia necessária para dar a devida atenção à população.
Prefeitos, a maioria buscando atender demandas das suas cidades, fazem uma verdadeira romaria ao executivo e legislativo federal e estadual para complementar recursos necessários ao investimento e custeio nos seus municípios.
Esta forma de manter o poder nas mãos de partidos e políticos é antiga mas tem se mostrado eficiente. Ao destinar recursos aos municípios, a maioria dos representantes eleitos compromete apoios e criam uma base de sustentação que impede uma renovação dos quadros políticos, alongando em demasia sua permanência no poder.
Assim é que membros do legislativo e executivo nacionais se alternam por décadas no exercício de cargos públicos. Aos que se aventuram em concorrer com eles se exige um esforço descomunal (pessoal e financeiro) para obter êxito na renovação da representação popular.
O poder é mantido nas mãos de poucos também em função dos recursos públicos concentrados na União e nos governos estaduais (não raro distribuídos de forma desigual por ação política) dificultando a alternância necessária para romper esta situação.
Não se obtém resultados diferentes com as mesmas pessoas e o Brasil clama por moralidade e mudanças que propiciem um uso mais racional dos impostos entre outras demandas não menos importantes.
A era do pires na mão tem que acabar!
*Rogério Lorenzetti, ex-prefeito de Paranavaí, período de 2009/2016