Plantio direto com qualidade é desafio para produtores

LONDRINA – Reconhecido internacionalmente como importante ferramenta de proteção do solo, o sistema de plantio direto (SPD) teve espaço privilegiado na 3ª Reunião Paranaense de Ciência do Solo, realizada em Londrina-PR.
Opinião recorrente em todo o evento, a falta de rotação de culturas, a falta de cobertura ou cobertura insuficiente e o revolvimento do solo são elencados como os principais inimigos do sistema e que acarretam problemas como a erosão do solo, que vem sendo observados em diversas áreas. O processo erosivo do solo foi justamente o principal motivo que levou agricultores a adotarem o plantio direto em meados da década de 1970.
A rentabilidade da produção agrícola pode ser uma das causas dos problemas que afetam o SPD. Segundo Ricardo Ralisch, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o êxito da atividade é medido por sua rentabilidade. Como o plantio direto requer práticas continuadas e dedicação e o retorno econômico é lento e pouco perceptível, os produtores muitas vezes não persistem no sistema e os danos ao solo aparecem.
Ralisch iniciou a palestra fazendo um histórico sobre o processo de implantação do SPD. E enriqueceu o debate recomendando uma reflexão sobre os motivos que levam muitos produtores a não o adotarem de maneira efetiva. “É preciso avaliar a situação real dos produtores, que sofrem a pressão dos compromissos que vencem ao final de cada safra”, diz. Segundo o pesquisador, os agricultores optam por sistemas que garantam receita.
O pesquisador afirma que o produtor muitas vezes toma decisões a partir da sugestão de estratégias de marketing de empresas vendedoras de insumos. “Muitos retiraram os terraços, o que provoca danos ao solo”, exemplifica.
Ralisch afirma que o futuro do SPD depende de mudança. “Precisamos pensar qual o plantio direto estamos fazendo e devemos buscar a qualidade”, diz. Ele até sugere a criação de um novo sistema de produção, com meios efetivos de avaliação.