Preço da rama de mandioca assusta na hora do replantio

O produtor de mandioca iniciou recentemente uma corrida para replantar parte da lavoura, prejudicada por causa da estiagem prolongada que se verificou até o fim do mês de agosto.
Mas, o desafio agora é outro: fazer frente aos custos da rama na hora de replantar. O preço é impulsionado pela escassez da rama no mercado.
O presidente da Associação dos Produtores de Mandioca do Paraná (Aproman), Francisco Abrunhoza, informa que cerca de 40% da área com mandioca precisará ser replantada como efeito da forte estiagem. Parte das plantas não nasceram.
Em todo o Paraná são cerca de 110 mil hectares, sendo 26 mil previstos para a região de Paranavaí (safra 2018). Na safra 2017 o Extremo Noroeste tem área de pouco mais de 30 mil hectares com mandioca.
De acordo com a liderança, o preço do metro da rama está entre R$ 100,00 e R$ 150,00. São necessários dez metros para o plantio de um alqueire. Com isso, o custo médio de produção do alqueire pode chegar a R$ 15 mil, prevê.
Isso exigirá uma produção de 80 toneladas por alqueire para fazer frente às despesas, analisa o produtor. Um índice de produtividade bom hoje é de cerca de 60 toneladas, detalha, relatando casos de produtividade ainda menor.
Os custos de produção, incluindo a aquisição da rama, podem levar a uma necessidade de preço da raiz a R$ 800,00 por tonelada, fora da realidade do mercado, sintetiza Abrunhoza.
PREÇO DA RAIZ – Em tempos de debate sobre produtividade e remuneração, o preço da raiz de mandioca é outro tema com alguma margem para controvérsia. Francisco Abrunhoza analisa que a realidade de mercado hoje aponta para R$ 472,50 a tonelada.
A cotação oficial do Departamento de Economia Rural (Deral), do Núcleo da Secretaria de Estado da Agricultura, aponta preços entre R$ 649,00 e R$ 667,00 a tonelada. Trata-se de produto para padrão de amido de 580 gramas, a média no Estado.
O problema é que, de acordo com o presidente, atualmente a realidade é de padrão na casa de 480 gramas de amido, o que derruba consideravelmente o preço da tonelada.
A referência é a tonelada, no entanto, o setor faz negócios em gramas de amido, levando em conta a chamada renda (teor de amido da mandioca).
Desse cálculo sairá om preço final da tonelada, levando-se em conta ainda a realidade do mercado, na lei básica da oferta e procura, o que provoca a oscilação para cima ou para baixo.
Abrunhoza justifica o baixo teor de amido por causa da estiagem prolongada. Outro dado relevante é que os produtores colheram mandioca de um ciclo (um ano), por conta da necessidade de fazer caixa ou mesmo por conta da elevação do preço nos últimos meses.
Um produtor de fécula, consultado pelo Diário do Noroeste ontem, aponta que tem feito negócios na faixa de preços constada em pesquisa do Deral. Ele confirma variação no teor de amido, o que pode provocar diferenças. Outra fonte consultada pelo DN cita que o setor tem suas particularidades, inclusive em relação às informações prestadas.  
Fato é que, confirme a Aproman, os fatores – colheita de mandioca de um ciclo e falta de ramas elevando o custos de produção – poderão causar falta do produto para o ano que vem. O plantio vai até novembro, informa o presidente.