Presidente Dilma Rousseff diz que houve “manipulação inadmissível” de sua fala

SÃO PAULO (Folhapress) – Após a presidente Dilma Rousseff dizer que é contra políticas que reduzem o crescimento para combater a inflação na manhã de ontem e o juros futuros fecharem em queda na Bolsa brasileira com a declaração, ela afirmou que houve "manipulação inadmissível" de sua fala.
"Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo", disse a presidente ao Blog do Planalto, um dos canais de comunicação da Presidência da República.
Ela classificou como "interpretações equivocadas" a reação do mercado a seus comentários, feitos a jornalistas durante a 5ª Cúpula dos Brics -grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul-, em Durban, na África do Sul.
Segundo a nota do Planalto, a declaração de Dilma foi feita após a presidente ficar sabendo que agentes do mercado financeiro estavam interpretando "erroneamente" seus comentários como expressão de leniência em relação à inflação.
"A presidente solicitou ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que também desse esclarecimentos sobre o assunto", diz a nota.
Mesmo com a tentativa do governo de contornar a repercussão da fala de Dilma, as taxas de juros futuros negociadas na BM&FBovespa fecharam em queda e as apostas de elevação da taxa básica de juros nacional -a Selic, atualmente em 7,25% ao ano- foram reduzidas.
O contrato futuro de DI (Depósito Interfinanceiro) com vencimento em julho de 2013 fechou com taxa de 7,14% e o com vencimento em janeiro de 2014, de 7,74%. O contrato com vencimento em janeiro de 2015 mostrou 8,45% e o contrato para janeiro de 2017 ficou em 9,28%.
Reuniões do Copom – As taxas mostraram baixa desde a abertura, mas intensificaram o movimento após o discurso da presidente.
A maior parte do mercado acreditava que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) poderia voltar a subir a Selic já em sua próxima reunião, em abril, pressionado pelo avanço da inflação no país.
Patamar histórico – No início desse mês, a autoridade manteve o juro básico da economia brasileira em 7,25% ao ano -menor patamar histórico.
Foi a terceira reunião seguida do Copom em que a taxa foi mantida. O último corte, de 7,5% para 7,25% ao ano. ocorreu em outubro de 2012. Desde agosto de 2011, a Selic caiu 5,25 pontos percentuais -em dez reduções consecutivas.