Presidente do Conselho Federal de Medicina alerta sobre problemas crônicos da Saúde

CURITIBA – Os problemas na área da Saúde são crônicos e representam as principais queixas da população brasileira, independente dos governos. 
A constatação é do médico Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), que proferiu palestra sobre a atual situação da Saúde no Brasil, na noite de terça-feira, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Na avaliação do médico, que fez questão de lembrar que está formado há 40 anos, existe uma surdez seletiva entre os gestores públicos em relação aos problemas de saúde enfrentados pela população e também pelos profissionais, que atuam sendo desafiados, permanentemente, por inúmeras dificuldades. “Saúde é política de Estado, não de governos”, frisou. 
Durante a palestra, ele mostrou uma série de fotografias que registram pessoas aguardando atendimento em hospitais e que comprovam as muitas deficiências nas políticas públicas e de gestão na atenção à saúde da população. 
O presidente do CFM iniciou a palestra pontuando uma série de fatos da história da Medicina, quando lembrou, inclusive, do pesquisador Hipócrates, respeitado até nossos dias como o ‘pai da medicina’, pois ainda hoje sua obra é atual. 
Citou ainda o Código de Moral Médica, de 1929, para exemplificar a evolução das normas que disciplinam as relações, as atitudes, deveres e direitos estabelecidos para com os pacientes. 
Discorreu também sobre o perfil dos 430 mil médicos que atuam no Brasil e sobre as expectativas da carreira: “A imensa maioria atua com prudência, humildade, compaixão e justiça, lutando por qualidade de vida para todos”.
MAIS MÉDICOS – Ele também apresentou um resumo do relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que avaliou o programa Mais Médicos, do governo federal. O programa estimulou a vinda de profissionais estrangeiros para trabalhar em regiões com escassez de profissionais. 
Destacou que o documento do TCU apresenta inúmeros dados negativos sobre o programa, que não é a solução esperada pelos brasileiros. Na opinião do presidente do CFM, em primeiro lugar, deveria haver investimentos em infraestrutura. Ele entende que não adianta ter médicos se não há equipamentos e remédios para o médico trabalhar.
A palestra no Legislativo estadual, que contou com as presenças de profissionais e acadêmicos de Medicina, ocorreu por proposição do deputado Ney Leprevost (PSD). 
“Falta estrutura, medicamentos e a remuneração dos profissionais não é adequada. São muito graves os desafios que temos que enfrentar”, afirmou o parlamentar. Segundo ele, o objetivo do encontro foi de reunir dados que devem ser encaminhados aos governos para subsidiar políticas públicas. “Esse setor precisa ser sensivelmente melhorado”, acrescentou.