Preso tinha avisado que fugiria outra vez

Terra Rica viveu anteontem à noite a segunda fuga de presos em 15 dias. Pelo menos dois dos oito novos foragidos são reincidentes, isto é, participaram das duas fugas da Cadeia Pública. E mais: um deles, ao ser recapturado, tinha avisado que fugiria outra vez. Cumpriu a promessa.
Um policial confirmou a informação de que o fujão havia antecipado a determinação de ganhar as ruas mais uma vez. Ele é considerado perigoso e cumpre pena por homicídio – é acusado de ter matado duas pessoas.  
Para esta segunda fuga, os detentos cavaram um buraco no solário e ganharam o pátio da cadeia. Depois, só tiveram o trabalho de danificar um portão eletrônico. Tudo foi registrado pelas câmeras de segurança. 
No momento da fuga não havia vigilância. O policial civil de plantão, que também acumula a função de cuidar dos presos, saiu para verificar a denúncia de que um foragido estaria na cidade. Foi possivelmente uma forma de forçar a saída do policial. Até a tarde de ontem nenhum dos oito foragidos havia sido recapturado.
Na primeira fuga, em 04 de fevereiro, os detentos cavaram um túnel a partir do vaso sanitário de uma das celas e chegaram ao pátio, pulando o muro de pouco mais de dois metros e meio. 
Dos 15 que conseguiram ganhar a liberdade, nove ainda não foram recapturados. Com a nova fuga, são 17 foragidos, incluindo alguns considerados perigosos, com denúncias de assassinatos e roubos.
A nova fuga expõe a fragilidade da cadeia pública de Terra Rica. Projetada para oito pessoas, chegou a abrigar 58 detentos e quando da fuga no começo do mês contava 55 presidiários. Ontem, após a nova fuga, a cadeia continuava com 38 presos. 
O delegado Luiz Carlos Mânica, chefe da 8ª Subdivisão Policial de Paranavaí, informou à imprensa ontem que tratava da transferência dos presos de Terra Rica para uma penitenciária. 
Além da fragilidade da estrutura e falta de agentes penitenciários, a cadeia teve a situação agravada porque uma fossa esburacou no pátio. O reparo será feito pela Prefeitura. A cadeia está interditada por ordem judicial, mas continua a funcionar na prática.