Prevenção à morte por suicídio: Reconheça os sinais e ofereça ajuda
A maioria das pessoas que cometem suicídio emite sinais de alerta. Falam sobre morte, confessam que se sentem sem esperanças ou culpadas, têm baixa autoestima, apresentam uma visão negativa do mundo. As manifestações podem ser verbais, escritas ou por desenhos.
Quem tem pensamentos suicidas tende a se isolar. Não atende telefonemas, interage menos nas redes sociais, prefere ficar em casa e reduz as atividades, mesmo aquelas que costumava gostar de fazer.
As mortes por suicídio ganharam grande repercussão nas últimas semanas, depois que três pessoas atentaram contra a própria vida em municípios do Noroeste do Paraná. Desde o início de fevereiro foram dois casos em Paranavaí e um em Amaporã.
Levantamento feito pela Polícia Civil mostrou que em 2017 a região teve uma morte por suicídio a cada 19 dias, totalizando 19 casos durante todo o ano – Paranavaí totalizou sete ocorrências. Em 2016, foram 21 registros em toda a região. Em 2015, 18.
CARACTERÍSTICAS – Coordenadora regional de Saúde Mental, Jéssica Jorge Francisco apontou algumas características de pessoas com mentes suicidas. A maioria já teve sentimentos confusos que se manifestaram na vontade de cometer suicídio.
De acordo com as informações da 14ª Regional de Saúde, o desejo de viver e o desejo de morrer se alternam. Trata-se de uma batalha interna que divide o indivíduo entre a vontade de acabar com a dor de viver e a intenção de continuar vivo.
Quando as pessoas são suicidas, não conseguem perceber outra maneira de vencer os problemas a não ser pelo atentado contra a própria vida. Pensam rígida e drasticamente. Além disso, são movidas pela impulsividade.
O QUE FAZER? – As orientações repassadas por Jéssica Jorge Francisco apontam algumas maneiras de ajudar quem apresenta tendências a cometer o suicídio. “Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir. Ouça com a mente aberta e ofereça apoio.”
É preciso incentivar a procurar ajuda profissional. Pode ser médico, profissional que atua no setor de saúde mental, conselheiro ou assistente social. Se julgar necessário, acompanhe a pessoa durante a consulta.
Se houver demonstração de perigo imediato, não deixe a pessoa sozinha e entre em contato com serviços de emergência, por exemplo, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ligando para 192.
REDE DE ATENDIMENTO – A coordenadora regional de Saúde Mental informou que o Brasil conta com um modelo de atendimento eu promove a garantia de direitos das pessoas com transtornos mentais. São oferecidos serviços psicossociais articulados por uma rede de proteção aos pacientes.
Nesta semana, a Prefeitura de Paranavaí divulgou material explicando como a rede de atenção é estruturada no município. O Centro de Atenção Psicossocial (Caps) trabalha com o tratamento e o acompanhamento de quem tem características suicidas, com o objetivo de tentar evitar a morte.
O tratamento é aplicado por uma equipe de profissionais que atuam em diferentes áreas. A família do paciente também recebe acompanhamento, já que o apoio de quem está mais próximo no dia a dia é fundamental: a ajuda da família garante eficácia ao tratamento médico.
O trabalho preventivo também conta com a participação das equipes de Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Uma vez por semana, profissionais do Caps vão aos postos de saúde e mantêm contato com os pacientes, para fazer o acompanhamento do estado de saúde de cada um.
O Caps II, que atende pacientes com tendências suicidas, recebe mais de 400 pessoas com diferentes transtornos. É mantido com recursos do Governo Federal, sendo que a contrapartida da Administração Municipal é custear os profissionais que atendem os pacientes.
ESTATÍSTICAS – Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam para mais de 800 mil mortes por suicídio a cada ano. Seria uma tentativa a cada 40 segundos. Para cada adulto que atenta contra a própria vida, outros 20 tentam cometer suicídio.
A OMS indica que a morte por suicídio representa 1,4% de todos os óbitos no mundo. Considerando a população total, foi a 15ª principal causa de mortes. Se forem levados em conta apenas os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é a segunda principal causa de óbitos.
De 2011 a 2015, foram contabilizadas 55.649 morte por suicídio no Brasil. Mais de 70% dos casos são de homens, principalmente porque são menos abertos aos tratamentos psicossociais do que as mulheres.
SERVIÇO – O Caps II de Paranavaí funciona na Rua Guaporé, número 2.290. Os telefones para contato são 3902-1018 e 3423-2466.