Prévia da inflação agrada investidores
O mercado reagiu bem à prévia da inflação oficial (IPCA-15) divulgada ontem e começa a considerar uma alta menor da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), em fevereiro. O IPCA-15 de janeiro subiu 0,67%, menos que em dezembro (0,75%) e em janeiro de 2013 (0,88%) e também menos que a previsão do mercado, de alta entre 0,75% e 0,85%. "O mercado precifica tudo antes e esperava uma inflação mais pressionada. O resultado veio melhor que o previsto. O IPCA-15 de hoje, de certa forma, desmente o que estava se imaginando de uma inflação voltando a crescer", afirma André Moraes, analista da corretora Rico.com.vc. O dado deixou em segundo plano no mercado financeiro o impacto da ata do Copom, divulgada um pouco antes. No documento, o BC indica nova alta de juro básico (taxa Selic) no mesmo ritmo da última de 0,50 ponto percentual. Hoje, a Selic está em 10,50% ao ano. "Ninguém olhou com afinco a ata do Copom, que justifica a decisão tomada com um cenário de inflação em alta. Se a gente tivesse em dezembro esse dado do IPCA-15 de hoje, o aumento não teria sido de 0,50 ponto percentual, e sim de 0,25 ponto percentual", diz Moraes. Agora, afirma, se a desaceleração da inflação persistir, o mercado pode começar a considerar uma alta menor dos juros ou até mesmo que não haja aumento de juros, a depender dos resultados do IPCA de janeiro e do IPCA-15 referente à primeira quinzena de fevereiro. A queda da inflação já pode ser resultado do ciclo de aperto monetário iniciado pelo Banco Central em abril do ano passado. "Demora para que o aumento de juros se reflita em uma queda da inflação, porque nem sempre as causas são o aumento da demanda, que pode elevar os preços. Muitas vezes o problema é a oferta. É o caso de serviços. Não dá para importar uma empregada doméstica da China", afirma Manuel Enriquez Garcia, presidente da Ordem dos Economistas do Brasil. Por causa da incerteza em relação ao comportamento da inflação, Marcio Cardoso, diretor da Easynvest Título Corretora, ainda acredita que o BC continue elevando a taxa de juros para ser mais forte no combate à inflação. É a mesma opinião de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos. "Nos parece que aí está implícito que o ajuste continuará no ritmo atual, de 50 pontos base, e que as expectativas serão a chave para reverter ou indicar o fim do ciclo. Temos a impressão de que o Copom não irá sossegar até ver a inflação cair no relatório Focus, algo que, levando em conta o IPCA-15 divulgado hoje, pode já ocorrer no relatório Focus da próxima semana", afirma, em relatório. "Apesar do resultado bom [do IPCA-15], o valor de janeiro está ligeiramente acima da média de janeiro da década, o que nos aponta que ainda não há uma desaceleração nos preços propriamente dito", complementa.