Professora fotografa momentos marcantes do Distrito desde 1954

Aos 17 anos de idade, no ano de 1951, Francisca Bruning Schiroff chegava com sua família na região da “Água do Vinte e Dois”. No mesmo ano ela começou a dar aula na escola local. Três anos depois presenciou a elevação do local para Distrito dos Catarinenses e ganhou do seu pai uma máquina fotográfica de presente.
Desde então a moradora registra os principais momentos históricos do que se tornaria o Distrito de Graciosa. Hoje a professora aposentada possui um vasto arquivo sobre a localidade. Parte do seu tempo é dedicada ao levantamento histórico. O restante ela divide na administração da propriedade rural da família e ao comércio de embutidos em feiras livres.
Dona Francisca, como é conhecida, possui mais de duas mil fotos no seu arquivo pessoal. Ela lembra que por muitos anos fotografou todos os acontecimentos do Distrito. “Fotografava as festas da Igreja, procissões, reuniões, nascimento de crianças, batizados, casamentos e até mesmo o último registro dos familiares ao lado dos mortos no caixão durante o velório”, relembra.
Sempre ligada às atividades da Igreja Católica, um dos troféus guardados com orgulho pela professora é o chapéu que era usado pelo Frei Boaventura Einberg. Foi ele o primeiro religioso que ficou no local e fundou o seminário. Além disso, a professora possui várias fotos da construção do seminário, da antiga Igreja e da construção da atual. Dona Francisca tem também fotos do período em que o Frei fazia visitas no lombo de um cavalo.
As dificuldades encontradas no dia a dia também foram fotografadas pela professora. Ela fez questão de registrar duas onças que foram mortas pelos colonos. Os animais colocaram terror na comunidade, matando os animais das propriedades rurais. A pioneira também registrou as primeiras roças de mandioca, a extração de madeiras e a construção de casas.
Francisca lembra que no início tudo o que era produzido nas propriedades ia para subsistência. O escambo (troca) foi a primeira moeda que existiu. As famílias trocavam mercadorias entre si para sobreviver.
Com o tempo, o excedente da produção começou a ser vendido em Paranavaí. “Os pioneiros saíam de madrugada e usavam lampiões para clarear o caminho. Chegavam a Paranavaí e vendiam o excedente da produção. Era um dia andando na estrada de chão e só conseguiam retornar para suas casas quando já estava escuro”, disse.
Quando relembra tudo o que aconteceu no Distrito, a pioneira se emociona e fala do orgulho e do privilégio de ter vivido e registrado a história de Graciosa. “No início não tinha a menor noção que o hobby de fotografar seria tão importante para as gerações futuras. Quero catalogar todo meu acervo e identificar todos os fatos registrados”, finalizou a professora.