Promotoria denuncia policiais sob acusação de tortura no caso Tayná

CURITIBA – O Ministério Público do Paraná denunciou à Justiça, ontem, 20 pessoas sob acusação de tortura policial durante as investigações da morte da adolescente Tayná Adriane da Silva, 14.
Na ocasião, afirma a Promotoria, quatro rapazes acusados do crime, com idades entre 22 e 25 anos, foram presos e agredidos para que confessassem o estupro e assassinato da garota, ocorrido no final de junho.
Um teste de DNA, porém, posterior ao indiciamento dos jovens, apontou que eles não estupraram Tayná.
O caso motivou a troca do comando da Polícia Civil do Paraná, na semana passada, e a prisão preventiva, até agora, de 15 pessoas – inclusive do delegado que investigava o homicídio. A autoria da morte de Tayná continua desconhecida.
O promotor Leonir Batisti diz ter "absoluta convicção de que houve tortura". "É irrefutável. Estamos apontando isso com provas", declarou. Os jovens afirmaram terem sido espancados, empalados, asfixiados com sacos plásticos e eletrocutados. Segundo eles, as torturas duraram vários dias, mesmo após a confissão.
O Ministério Público afirma que laudos, perícias nas delegacias, depoimentos de testemunhas e reconhecimento fotográfico corroboram a versão dos homens agredidos, hoje sob a guarda do programa federal de proteção a testemunhas.
Os promotores também apresentaram um cassetete, sacos plásticos e uma máquina de choque encontrados nas delegacias e na casa de um dos policiais denunciados. Os objetos não têm evidências concretas das agressões, como digitais ou DNA dos quatro rapazes, mas conferem com a descrição feita pelos agredidos.
"Isso tudo reforça a credibilidade do depoimento das vítimas", diz o promotor José Carlos Vellozo.
Os denunciados são 13 policiais civis, dois guardas municipais, um policial militar, um auxiliar de carceragem e dois presos. Seus nomes não foram divulgados.
As 15 pessoas que foram presas preventivamente no decorrer das investigações, todas elas incluídas na denúncia, negaram terem participado de torturas.