Proposta que altera ensino de história causa reações
Isso porque, atualmente, sem uma ementa "padrão" a ser seguida, as escolas se baseiam fortemente em uma "visão europeia" e cronológica da história: antiga, medieval, moderna e contemporânea – isso além de história do Brasil e da América.
A nova proposta de currículo de história no ensino médio, elaborada por especialistas convidados pelo MEC, vai no sentido oposto. Dá ênfase, por exemplo, à história das Américas, da África e história indígena nos dois primeiros anos do ensino médio.
História antiga europeia, como Grécia e Roma, ficariam em segundo plano. Nem sequer aparecem na proposta curricular do MEC.
O projeto da proposta curricular ainda segue em discussão, de acordo com o MEC, pelo menos até o final do primeiro semestre de 2016.
Mesmo assim, já tira o sono dos acadêmicos mais conservadores e divide opiniões.
Hoje, as escolas públicas que oferecem ensino médio seguem diretrizes estaduais. As particulares têm liberdade de ensinar o que quiserem desde que não firam alguns princípios "básicos", que são acompanhados por supervisores do governo estadual.
"Não posso, hipoteticamente, ensinar princípios básicos da teoria nazista", diz o historiador Silvio Freire, diretor do ensino médio do colégio Santa Maria. "Porém, se quiser excluir Idade Média do currículo de história eu teria liberdade para fazer isso".
Na prática, o Santa Maria não excluiria o conteúdo de Idade Média do currículo por um motivo: o tema aparece recorrentemente em exames vestibulares importantes e no próprio Enem.
"Sempre digo que existe um currículo extraoficial: são os processos seletivos das boas universidades", diz Freire.
Proposta de emenda da base nacional curricular é alvo de críticas
COMO É HOJE
– Escolas particulares se baseiam em livros didáticos, que são escolhidos a partir de princípios da própria escola e do que cai nos grandes vestibulares como a Fuvest, e no Enem
COMO SERÁ
– O objetivo do projeto é que 60% do conteúdo siga a proposta curricular do MEC e que o restante do conteúdo respeite regionalidades da rede de ensino (como revoluções estaduais)
DATAS
– 1988 – A base nacional curricular consta no Artigo 120 da Constituição, que define que “serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental
– 2015 – Base é lançada em 30 de julho pelo MEC, com a proposta de ser discutida até o final do ano, antes de ser encaminhada ao Conselho Nacional de Educação
NÚMEROS
– 190 mil escolhas públicas e particulares serão afetadas
– 2 milhões de professores atuam nessas escolas
HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO
Como é:
1º ano
-Antiguidade clássica (alunos aprendem sobre história da Grécia e de Roma)
2º ano
– História contemporânea do século 18 à atualidade: Revolução Industrial, grandes guerras, conflitos étnicos atuais
3º ano
– História da América: culturas indígenas, revoluções latino-americanas e militarismo
Como ficaria:
1º ano
– África, Américas e relações África-Brasil do século 16 até a atualidade. “Visão europeia” fica em segundo plano
2º ano
– História das Américas e história indígena. Exemplos: revoluções Mexicana (1910-1920), Boliviana (1952) e Cubana (1959)
3º ano
– História contemporânea do século 20 à atualidade: grandes guerras, imperialismo, movimentos migratórios e formação da sociedade brasileira