PT acusa mídia de criminalizar partido no país

BRASÍLIA – Em resolução sobre as eleições municipais divulgada ontem, o diretório nacional do PT acusa a mídia brasileira e a oposição de promoverem uma "campanha feroz" para criminalizar o partido no país.
No documento, o comando do PT defende a "democratização da comunicação social" para evitar que a mídia influencie no processo eleitoral – como a cúpula petista diz ter ocorrido na disputa municipal de outubro.
"O resultado foi obtido em meio a uma feroz campanha promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia, cujo objetivo é o de criminalizar o PT. A voz do povo nas urnas suplantou, mais uma vez, os que vaticinavam o desaparecimento do Partido dos Trabalhadores", diz a resolução.
No documento, o PT cobra a regulamentação da mídia brasileira – apesar de o partido afirmar que defende "a mais ampla liberdade de expressão".
"A Constituição brasileira tem inscrito princípios que afirmam essa liberdade e que devem ser regulamentados levando também em consideração os novos e amplos meios de comunicação”.
Segundo a resolução, a "democratização da comunicação social" vai evitar que ocorram "campanhas midiáticas com o claro objetivo de incidir no processo eleitoral, como ocorreu nestas eleições".
Dirigentes petistas reconhecem que o partido perdeu em alguns lugares estratégicos em consequência do julgamento do mensalão, pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O partido, porém, não faz menção ao julgamento na resolução divulgada ontem.
O partido diz que precisa corresponder a um novo ciclo de democratização e participação popular, numa espécie de "mea culpa" de que precisa modificar alguns de seus princípios – como as alianças regionais firmadas com partidos da base de apoio da presidente Dilma Rousseff.
"A eleição apontou a existência de problemas nacionais que devem ser enfrentados. Em diversas situações, não por falta de esforço do PT, não se viabilizou a frente com partidos situados à esquerda do espectro partidário brasileiro e que se aliaram ao PT desde a primeira eleição de Lula. E, nesse caso, também a tendência foi sempre de maior risco de derrota", diz o documento.
Na resolução, o partido diz ainda que há "possibilidade de dispersão" de forças aliadas, inclusive em localidades onde foram criadas "frentes antiPT com partidos cujo lugar coerente seria ao lado do PT". "Não devemos, portanto, subestimar as possibilidades de a oposição, num quadro diferente do atual, vir a ampliar sua base política e social", diz o texto.
A resolução foi elaborada durante reunião do diretório nacional do PT, que se realiza desde o início da manhã. O comando do PT vai divulgar até hoje outro documento, com foco na conjuntura política do país – em que pretende mencionar o julgamento do STF.