Quebra na safra nordestina faz aumentar a procura pelo produto no Noroeste do Paraná
As condições climáticas comprometeram a safra de mandioca no Nordeste do Brasil, região que se destaca pela grande área produtiva e pelo alto consumo da raiz e dos derivados. Por causa disso, a procura pelo produto no Sul e no Sudeste aumentou, empurrando para cima a rentabilidade dos mandiocultores de Paranavaí e região.
É o que afirma o pesquisador técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), do escritório regional da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), Ênio Luiz Debarba. “Os reflexos do problema no Nordeste são os melhores possíveis para o produtor daqui. O mercado está firme e deve permanecer assim durante todo o ano”, diz.
Debarba avalia que a quebra na safra nordestina aconteceu em uma hora importante para a agricultura da região. Segundo ele, os 29 municípios atendidos pelo escritório regional da Seab somam 57 mil hectares de mandioca plantada, a maior de todo o Paraná. Deste total, 40% já foram colhidos por causa da grande procura, especialmente por parte da indústria farinheira.
Mas os resultados não são positivos apenas para os produtores. O bom momento para a mandiocultura no Sul e no Sudeste tem influência direta sobre a indústria farinheira. É que a falta de matéria-prima no Nordeste, onde o consumo de farinha de mandioca é elevado, tem atraído compradores da produção daqui.
Proprietário de uma farinheira no Distrito de Mandiocaba, Otávio Antônio Viana afirma que “2013 está sendo o melhor ano para a indústria, e a previsão é de que continue assim durante todo o ano”. Na avaliação dele, a relação entre oferta e procura tem favorecido a indústria farinheira.
Para o diretor industrial de uma fecularia de Tamboara, Mauricio Gehlen, o preço da mandioca é o maior desde 1979: R$ 410 por tonelada. O aumento no custo, destaca, interfere diretamente no valor repassado ao mercado, tornando a venda mais difícil. “Precisamos repassar conforme o preço da matéria-prima sobe. Com isso, enxugamos os lucros para atender os clientes”.
Gehlen compara a situação da indústria farinheira com a da feculeira. Graças ao hábito de consumo de farinha de mandioca, a primeira tem condições de aumentar os preços de venda, avalia, mas “a fécula é um produto mais nobre e se destina ao uso industrial”, limitando o mercado.