Quem contribuir para focos de mosquito de dengue receberá multa

Tolerância zero. Essa é uma das decisões tomadas ontem pelo Comitê de Combate à Dengue de Paranavaí, fórum que reúne mais de 20 entidades representativas da cidade. Com isso, toda pessoa que tiver focos do Mosquito Aedes aegypti em casa, sofrerá multa, sem exceções. O comitê está amparado em lei municipal de 2008.
A decisão é um respaldo à Vigilância em Saúde, como forma de sustentar que não haja interferência e nem tolerância para os negligentes.
O diretor da Vigilância, Décio Monteiro, falou com preocupação sobre a doença na cidade. A incidência do mosquito está alta, o que eleva a possibilidade de um surto, especialmente no final do ano, quando aumenta o trânsito de pessoas entre as cidades.
Para que não haja problema, basta eliminar a água parada e, com isso, evitar que o mosquito se desenvolva. Quem não agir desta maneira, receberá multa de R$ 200,00. Na reincidência, o valor dobra, indefinidamente. “Não haverá acordo. Quem for pego será notificado”, reforça.
A lei Municipal 3.105/2008 é aplicada da seguinte forma: o profissional detecta a presença do mosquito e recolhe uma amostra. Ao constatar a presença do Aedes aegypti, o fiscal emite a multa de R$ 200,00. Após cinco dias a equipe retorna. Se o foco não estiver eliminado, o morador recebe outra notificação e assim sucessivamente nas demais visitas, até a eliminação.
Se o imóvel for alugado, o proprietário é avisado da notificação. Se não for paga, passa a constar pendência no imóvel, ou seja, terá que ser quitada. Neste ano foram feitas 1.480 notificações e apenas 23 multas. A partir de agora todos os casos notificados se tornarão multas, reforça o diretor.
Essa medida se faz necessária porque o problema maior está nas casas das pessoas, como atesta o profissional de controle de endemias, Orlando Corrêa. Trabalhando na área desde 1986, quando foi detectado o primeiro foco de Aedes na cidade, ele diz que, em média, as residências respondem por 43% de todos os focos. Bebedouro de animais, vaso de planta e calha estão entre os vilões.
A presença do mosquito não tem relação com pouca escolaridade ou recursos financeiros. Tanto que os locais de maior incidência são o centro e o Jardim Ouro Branco, considerados áreas nobres. São mais de 20 mil residências neste perímetro. A Vigilância antecipa que haverá arrastão no centro.
Para eliminar o risco basta uma inspeção a cada cinco dias, orienta Walter Sordi Júnior, da 14ª Regional de Saúde. Ele adverte que os bebedouros devem ser lavados para eliminar o ovo do mosquito. O ovo resiste até 400 dias e eclode normalmente em contato com a água. Se ele estiver infectado, o mosquito já nasce com o vírus e pode transmitir aos seres humanos.
Coordenadora do setor de epidemiologia do município, Edna Arroteia da Silva se preocupa com a possibilidade de um surto. Ela lembra que não há leitos hospitalares para atender um número grande de pacientes.
Por outro lado, há preocupações com as formas mais graves da doença. Como antecipou Monteiro anteontem, poderemos ter dengue hemorrágica ou a presença de um outro vírus. Pelo menos um paciente teve o quadro considerado mais grave.
Paranavaí registrou 13 casos de dengue neste ano, sendo três de pessoas que vieram doentes de outras cidades. O problema é que cinco casos foram verificados em novembro, antes do período considerado mais crítico (durante as festas). As autoridades de saúde alertam que as preocupações são maiores de outubro a abril, período de chuva e de calor.