Rafael de Souza: “Como vou entrar numa casa que está ocupada?”

O Atlético de Paranavaí vem de dois anos conturbados em sua administração e essa situação pode piorar ainda mais. O clube firmou contrato de parceria com uma empresa de São Paulo e muitos problemas se verificaram nesse período, como atraso no salário de jogadores e funcionários, atraso de pagamento a fornecedores, entre outras tantas situações classificadas por desportistas como “vexatórias”.
Agora, procura-se um presidente para o clube e um nome para o cargo pode não ser inviabilizado por conta da existência desse contrato de parceria. O nome do secretário de Esportes, Rafael Octaviano de Souza, surgiu de última hora, levando o Conselho Deliberativo a prorrogar a eleição para o dia 10 de dezembro.
Mas Rafael de Souza já tirou o time de campo, pelo menos quanto ao fato de assumir a presidência. “Como vou entrar numa casa que está ocupada?”, pergunta, ao falar sobre a vigência do contrato.
O modelo do Estatuto também pesou na decisão de não se candidatar. “O estatuto é um impedimento, tem de ser refeito. Hoje, eu durmo não devendo nada, e acordo devendo um monte. Posso ter de arcar com meu patrimônio. Isso é um fator impeditivo pra lançar minha candidatura agora”, afirmou.
Apesar de dizer que não será candidato, Souza está disposto a ajudar o Conselho Deliberativo, negociando um possível distrato com a empresa, o que ontem estava difícil de ocorrer.
Se o clube entrar na justiça, a chance de anulação do contrato é alta, mas quem vai entrar com este pedido?, indagou Souza. “Se for pra justiça dificilmente o ACP perde, mas alguém tem de tomar a decisão, eu não sou dirigente, não posso fazer isso”.
Rafael de Souza fala de algumas possibilidades, como pessoas “tocarem” o time no próximo ano alheio à empresa. Mas lembra: os empresários podem vir pleitear seus diretos lá na frente. “Então é um risco…”
Para Rafael de Souza, o interessante agora seria o distrato. “Havia possibilidade disso ocorrer, mas meu nome apareceu como candidato, a empresa se viu interessada novamente em continuar”, diz Rafael de Souza, dizendo que um acordo com a empresa é inviável, já que eles querem receber o que investiram.
“Não queremos esse acordo, o ACP foi prejudicado. Eles querem acordo, nós não queremos”, sentencia. Souza fala nesse tom porque entrou em contato com representantes da empresa para tentar o distrato. Não conseguiu, pelo menos até ontem.
“O desenho é esse. Eles não têm sensibilidade do que é o ACP, estão acabando com uma tradição”, afirma o secretário de Esportes, numa referência à história do Vermelhinho, um dos clubes mais antigos do Estado, e campeão paranaense em 2007.
“A cidade está passando uma vergonha, foi motivo de orgulho e agora está passando uma grande vergonha. A situação é desesperadora, dramática mesmo”, afirmou Rafael de Souza, não vislumbrando que a empresa possa comandar o time no próximo ano.
“Digamos que eles venham tocar o time, aí não terão apoio de setor nenhum da cidade. O próprio ACP pode não assinar nada na Federação para disputar o campeonato. Como vai ser?”.
O Atlético de Paranavaí está na segunda divisão do paranaense.