Receita do agronegócio deve subir mais de 10% em 2018

Curitiba (AEN-Pr) – O aumento dos preços internacionais das commodities e a demanda da China devem fazer de 2018 um ano positivo para o agronegócio do Paraná. O setor, um dos poucos que cresceu na crise econômica, se prepara para avançar ainda mais, mesmo com estimativa menor para a produção de grãos.
“A safra paranaense de grãos será menor, por questões climáticas, como a La Niña, mas dentro dos patamares históricos. Vamos continuar a crescer na produção de frango, suínos e peixes, e devemos manter a posição de maior produtor de proteína animal do país”, diz o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
Ele ressalta que o agronegócio representa 30% da economia do Paraná e tem contribuído para o bom desempenho em indicadores de outros setores, como a indústria, o comércio, os serviços e a geração de empregos. “A riqueza gerada no campo impacta toda a cadeia produtiva paranaense”, afirma.
A estimativa da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) é de que o faturamento do agronegócio volte a crescer acima de 10%. “Em 2017 devemos ter fechado com receita próxima de R$ 71 bilhões, mas com crescimento bem menor, em torno de 2% a 3% em relação a 2016”, explica Flávio Turra, gerente técnico da Ocepar.
Segundo ele, para 2018, com a retomada dos preços, a venda dos estoques de passagem e o aumento da industrialização da produção, a perspectiva é que o setor volte a crescer a taxa de dois dígitos. A meta da entidade é que as 220 cooperativas do estado atinjam um faturamento conjunto de R$ 100 bilhões nos próximos anos.
Grãos – Depois de um ano considerado excepcional para a safra paranaense, que bateu o recorde de 41,6 milhões de toneladas, 2018 deve ter uma colheita menor, mas que deve ser compensada pela melhora das cotações, de acordo com Turra. A China, principal comprador de produtos do Paraná, deve continuar a demandar tanto grãos quanto carnes.
A projeção do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, é que a safra total 2017/2018 fique em 35,5 milhões de toneladas, 10% abaixo da anterior.
“O que tivemos na safra 2016/2017 foi uma combinação de fatores favoráveis, com clima e alta produtividade. Foi uma marca histórica. Mas tudo indica que, mantido o clima bom, a produção da safra 2017/2018 será boa”, diz Francisco Carlos Simioni, diretor-geral do Deral.
Investimentos – As cooperativas programam investimentos de R$ 2,2 bilhões para 2018, em novas plantas industriais, principalmente de abate de processamento de frango e suínos. É também na área de suínos que está em curso o maior investimento das cooperativas – um frigorífico que será construído em Assis Chateaubriand, na região Oeste.
Frangos – Maior produtor e exportador de frango do país, o Paraná é responsável por 36,57% das exportações nacionais. Exportou US$ 2,34 bilhões de janeiro a novembro de 2017, 10% mais do que no mesmo período do ano anterior.
A previsão do Sindicato da Indústria Avícola do Paraná (Sindiavipar) é que a produção e a exportação de aves do estado cresça entre 4% e 6% em 2018. O setor deve se beneficiar da retomada do consumo interno em 2018, depois da queda provocada pela recessão.
A previsão da Associação Brasileira de Proteína Animal é que o consumo de carne de frango per capita volte a crescer, passando de 41 quilos para 42 quilos. Em 2011, o consumo chegou a 47 quilos per capita. “Essa retomada, no entanto, vai depender da velocidade da recomposição da renda. Isso deve influenciar o consumo de carnes e também de lácteos” diz o secretário da Agricultura, Norberto Ortigara.
Vulneráveis – De acordo com o secretário, o estado vai dar continuidade aos programas para desenvolvimento do setor, com foco em sanidade, manejo de solos, microbacias, fomento à agricultura familiar e atenção especial a regiões mais vulneráveis, como as atendidas pelo programa Pró-Rural, que tem R$ 150 milhões com recursos do Banco Mundial (Bird).
O programa vem levando desenvolvimento e renda para produtores da região Central do Paraná. Atualmente são 132 municípios beneficiados com capacitação de agricultores, regularização fundiária, aquisição de patrulhas para estradas rurais e projetos de agroindustrialização.

Perspectivas do Cepea para bovinos, suínos, frangos, ovos e lácteos
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) fez uma análise perspectiva de algumas culturas que movimentam o agronegócio brasileiros. A projeção considerou as produções bovinas, suínas e aviárias, além de ovos e leite. (As informações são da assessoria de imprensa do Cepea.)
Boi: O ano de 2018 deve ser melhor, mas com desafios. Passado o momento turbulento e constatada a importância da reorganização e da capacidade de reagir às diferentes intempéries de 2017, o setor pecuário inicia 2018 mais otimista. Porém, bastante atento, segundo pesquisadores do Cepea. Em termos gerais, espera-se um cenário economicamente favorável neste ano, tanto na esfera internacional como na nacional, que pode beneficiar toda a cadeia da carne bovina.
Suínos: Para absorver excedente externo, setor deve ampliar destinos. O estudo do Cepea indica que o consumo doméstico de carne suína pode aumentar 1,63% em 2018, o que corresponde a 49,6 mil toneladas a mais em relação ao estimado para 2017. Esse incremento na demanda tem como base um cenário mais conservador para a estimativa de crescimento do PIB pelo Banco Central do Brasil (BC), de 0,62% em 2018. Já dentro da porteira, o Cepea calcula aumento de 2,38% na produção de carne suína. Com isso, os excedentes exportáveis (quantidade de carne disponível para exportação) seriam 5,27% superiores em 2018 frente ao ano anterior. Nesse contexto, o desafio da suinocultura nacional neste ano será ampliar os destinos da carne brasileira ao mercado externo.
Frango: Com excedente, setor dependerá de bom desempenho das exportações. Os cálculos do Cepea indicam que a produção brasileira de carne de frango pode crescer 3,34% em 2018 frente à estimada para 2017, com base no histórico nacional. A demanda também deve aumentar, mas de maneira menos intensa – entre 1,32% e 1,57%, dependendo do ritmo de recuperação da economia –, o que indica que o Brasil vai gerar excedente de carne de frango em 2018. Esse cenário mostra que, novamente, o setor vai depender fortemente das exportações, reforçando a necessidade de a avicultura nacional seguir cumprindo os requisitos sanitários exigidos por importantes demandantes internacionais.
Ovos: Após queda em 2017, setor aposta em recuperação das exportações em 2018. A afirmação está fundamentada nas recentes aberturas de novos mercados internacionais. No final de 2017, a África do Sul liberou as importações de ovos in natura e processados provenientes do Brasil.
Leite: Certamente 2017 será lembrado como um ano difícil para a pecuária leiteira, visto que foi marcado pela grande volatilidade dos preços ao produtor. No último trimestre do ano, chegaram aos menores patamares dos últimos cinco anos (valores reais deflacionados pelo IPCA dez/17), segundo pesquisas. Para 2018, o cenário deve ser mais positivo, pois alguns fatores sinalizam a diminuição do desequilíbrio entre demanda e oferta, o grande “vilão” de 2017.