Refeição fora de casa sobe acima da inflação e pressiona serviços

RIO DE JANEIRO – Se alimentos subiram e impulsionaram com força o IPCA de setembro, comer fora de casa ficou ainda mais caro tanto no mês como no acumulado em 12 meses, especialmente em regiões onde os salários são maiores, como São Paulo e Rio e Curitiba.
É que bares, restaurantes e afins carregam em seus custos não só o preço dos alimentos, mas também são onerados por aluguéis mais elevados (item de serviços), energia elétrica (tarifa controlada pelo governo) e reajustes salariais – não tão bons quanto em 2013, mas ainda acima da inflação.
Para um IPCA em 12 meses de 6,75% (0,25 ponto acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central no governo Dilma), o custo de alimentação fora de casa subiu mais no período: 10,59%.
Nesse intervalo de tempo, o aumento dos alimentos, em geral, foi mais brando: 8,21%. A comida comprada para consumo no domicílio aumentou ainda menos: 6,95% – ainda que supere o índice oficial de inflação no período.
Em setembro, a alimentação fora de casa teve alta de 1,06%, mais do que o IPCA do mês (0,57%).
Somente a refeição (item de maior peso no subgrupo alimentação fora do domicílio) ficou 10,64% mais cara em 12 meses. A cerveja consumida em bares e restaurantes, outro produto de peso relevante, subiu mais: 11,52%.
Para Eulina Nunes dos Santos, a alimentação fora tem custos adicionais que "até superam" o preço em si dos alimentos comprados para o preparo dos pratos ou das bebidas vendidas ao consumidor, pois estão incluídos itens de serviços e preços administrados pelo governo.
A própria alimentação fora de casa é um item de peso no agrupamento de serviços e puxou a taxa média para cima. Em 12 meses, os serviços tiveram alta de 8,58%. Outros focos de pressão importante foram o aluguel (9,88%) e a mão de obra (9,02%).
Dentre todos preços e tarifas controladas pelo governo, o aumento mais expressivo é da energia elétrica (14,72% em 12 meses). O forte aumento se deu em meio ao risco de racionamento diante do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas (de menor custo), que obrigou o uso mais intenso das termelétricas (energia mais cara) desde o ano passado.
O conjunto dos preços monitorados, porém, ajudam a conter a inflação, com alta de 5,32% em 12 meses. Mas, sem o desconto da conta de energia em 2013 (de 16%), já não auxiliam tanto o BC a segurar a inflação.

Governo diz que vai cumprir meta de inflação, mesmo com alta dos preços
O governo brasileiro mantém a sua previsão de inflação para o ano em 6,2%, apesar de em setembro a alta dos preços ter superado a expectativa dos economistas.
Para o secretário de Política Econômica, Márcio Holland, setembro é um mês marcado por uma inflação mais pressionada, o que foi agravado pela seca – responsável pela alta nos preços de alimentos e da energia elétrica.
O IPCA, índice oficial de inflação do país, acelerou pelo segundo mês seguido e ficou em 0,57% em setembro. O indicador havia sido de 0,25% em agosto. A inflação chegou a 6,75% em 12 meses, a maior desde outubro de 2011.