Região totalizou 604 novos de tuberculose casos em 10 anos

A região Noroeste do PR totalizou 604 casos de Tuberculose de todas as formas nos últimos dez anos. Os números são da 14ª regional de Saúde de Paranavaí, que deflagrou uma série de medidas para tratamento, prevenção e busca ativa, visando detectar outros possíveis pacientes. Destes casos, 257 – equivalentes a 42% – são de Paranavaí.
Levando em conta as chamadas recidivas – pessoas que tratam e curam, mas a doença volta um tempo depois – são mais 82 casos, elevando para 686 as constatações, das quais, 299 – equivalentes a 43% – se concentram em Paranavaí.
Outro item apurado é que destes pacientes, 311 casos são chamados bacilíferos, ou seja, que estão expelindo os bacilos da doença ao tossir e, com isso, transmitindo tuberculose quando foram diagnosticados.
A taxa média de cura na região está acima de 85%, portanto, dentro do que preconiza o Ministério da Saúde. Paranavaí está exatamente nesta margem, atingindo 85% de cura.
AVALIAÇÃO – Levando em conta os números, a região apresenta pouco mais de 60 casos de tuberculose ao ano. O número é bem abaixo do que estima o Ministério da Saúde – 200 casos ao ano.
Se por um lado o número é bom, pois revela índices abaixo, por outro também é preocupante, já que pode representar uma deficiência na chamada busca ativa, ou seja, exames para detectar a presença da doença, diz Kariny Galvão, chefe da Seção de Vigilância Epidemiológica da Regional.
Ela exemplifica que é necessário fazer exames em um percentual da população capaz de identificar a extensão da doença. Uma das formas é a detecção precoce, com olhar atento aos sintomas quando o paciente chega a uma unidade básica de saúde. Fazer exames e testes rápidos nos chamados respiratórios sistemáticos e não somente nos casos graves, resume.
TRATAMENTO SUPERVISIONADO – O tratamento supervisionado para todos os pacientes de tuberculose faz parte do protocolo do Ministério da Saúde. Significa uma mudança na forma de se administrar os medicamentos, sem mudanças no esquema de tratamento: o paciente é observado na hora de tomar os comprimidos.
Em resumo, um profissional observa o mesmo “engolir” os medicamentos, desde o início do tratamento até a sua cura. Essa ação faz parte do Protocolo de Enfermagem, sobre Tratamento Diretamente Observado na Atenção Básica (MS, 2011).
A estratégia do Ministério é reduzir a possibilidade de que ocorram tratamentos equivocados ou o abandono do mesmo, o que pode vir a trazer resistência aos medicamentos do esquema básico da tuberculose, que são: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol.
TUBERCULOSE RESISTENTE – Nas cidades de abrangência da região da 14ª Regional de Saúde encontra-se em tratamento de resistência um total de 05 pacientes, residentes em Amaporã, Santa Isabel do Ivaí e São João do Caiuá.
Os casos de Tuberculose Resistente são descobertos após exames de controle nos pacientes em tratamento e que após o segundo mês continuam com a chamada baciloscopia positiva, ou seja, transmitindo a doença.
Nestes casos é realizada a cultura e, se positiva, é feito o teste de sensibilidade com relação aos medicamentos, onde detecta a resistência a uma das medicações ou, em alguns casos, a mais de uma.
Quando constatado, o paciente é acompanhado no Ambulatório de Tuberculose de Londrina, que é a referência da 14ª Regional de Saúde, com mudança no esquema terapêutico.
As informações sobre Tuberculose foram prestadas pela diretora da 14ª Regional de Saúde – Verônica Francisquini Gardin; chefe da Divisão de Vigilância em Saúde da Regional – Walter de Sordi Junior; Coordenadora Departamento de DST/AIDS da Regional- Maria da Penha Francisco; Coordenadora do SINAS Paranavaí – Marielza Sestário.

Incidência de tuberculose em detentos é 20 vezes superior
A Tuberculose constitui um problema grave de saúde pública e nos presídios é ainda mais preocupante. A incidência da doença dentro das cadeias é mais de 20 vezes superior do que no restante da população, informa a 14ª Regional de Saúde.
No presídio de Paranavaí foram diagnosticados 10 casos de Tuberculose Pulmonar Bacilífero de dezembro de 2014 a junho deste ano.
Importante salientar que existe Tuberculose Extrapulmonar, ou seja, em outra parte do corpo que não o pulmão, (Ganglionar, Pleural, ósseas, e outras). A pulmonar é a que pode ser transmitida para outras pessoas.
O número revela um aumento em relação há anos anteriores. Até 2012, por exemplo, eram constatados de 1 a 2 casos ao ano. Em 2013 subiu para 3 casos, ultrapassando as médias de forma ainda mais representativa a partir do ano passado.
Quando constatado um novo caso, a orientação dos serviços de saúde é para que o preso seja isolado, visando barrar o contágio. Maria da Penha Francisco, do programa de Controle DST/AIDS da 14ª Regional de Saúde, confirma que a prática vem sendo adotada em Paranavaí, num trabalho de toda a equipe da carceragem.
TESTES EM PARANAVAÍ – Por conta do número representativo e do alto risco de contágio, o SINAS – Sistema Integrado de Atendimento em Saúde, de Paranavaí (responsável pelas ações de prevenção, diagnóstico e tratamento da tuberculose), solicitou no mês de fevereiro apoio da 14ª Regional de Saúde para execução de uma ação para busca de casos em todas as galerias da cadeia totalizando aproximadamente 240 amostras de escarro para pesquisa da Tuberculose.
Após contato da Regional de Saúde em março de 2014 com a Divisão de DST/AIDS, Hepatites Virais e Tuberculose, ficou estabelecido que as amostras serão encaminhadas para o Laboratório de Análises clínicas do DEPEN – Complexo Médico Penal – Pinhais – PR, que procederá a leitura das mais de 200 amostras, sem custo para o município.
O trabalho começou na última terça-feira e segue nas próximas semanas.
A Regional solicitou ainda apoio ao Laboratório Central do Estado do Paraná (LACEN/PR) no fornecimento de 300 potes para coleta do material no presídio, sendo que foram prontamente fornecidos e já estão de posse do SINAS. Além dos presos, também os agentes penitenciários passarão pelos testes.

Conheça mais sobre tuberculose
A tuberculose é uma doença infecto contagiosa, muito antiga, também conhecida como “tísica pulmonar”. Os pulmões são os órgãos mais afetados, mas a tuberculose pode acometer os rins, a pele, os ossos, os gânglios.
O contágio ocorre pelo ar, através da tosse, espirro e fala da pessoa que está doente que lança os bacilos no ambiente. Quem convive próximo ao doente, aspira esses bacilos e pode também adoecer.
Sabe-se que o bacilo pode permanecer no ambiente por um período de até oito horas, ainda mais quando o domicílio não é ventilado e arejado.
SINTOMAS – O principal sintoma é a tosse. A pessoa pode tossir meses, sem, contudo pensar na Tuberculose. Outros sintomas incluem falta de apetite, emagrecimento, suor noturno acompanhado de febre baixa que é mais comum no final da tarde. Pode existir catarro esverdeado, amarelado ou com sangue. Nem sempre todos esses sintomas aparecem juntos. Devemos valorizar a tosse, principalmente quando ela dura mais de três semanas.
DADOS DA TUBERCULOSE NO BRASIL – Segundo o Ministério da Saúde, em 2013, o país registrou 71.123 novos casos de tuberculose, queda de 20,3% desde 2003. O Brasil ocupa, atualmente, o 16º lugar num ranking de 22 nações consideradas “de alta carga” (onde há grande circulação da doença), mas o 111º lugar em comparação a todos os países do mundo. No país, a tuberculose representa a 4ª causa de morte por doenças infecciosas e a primeira causa de morte por doença identificada entre pessoas com HIV.
São mais vulneráveis à doença as populações indígenas – 3 vezes mais -, presidiários – 28 vezes -, moradores de rua – 44 vezes mais, devido à dificuldade de acesso aos serviços de saúde e às condições específicas de vida -, além das pessoas vivendo com o HIV e Aids.
Dos nove milhões de casos de tuberculose estimados no mundo, 3 milhões não são detectados, as pessoas não sabem da doença. (Fonte: www.unasus.gov.br)