Regularização do campo do ACP faz 54 anos

A atual Praça dos Pioneiros de Paranavaí, localizada numa área de 26.400m² entre as Ruas Luiz Spigolon, Manoel Ribas, Edson Martins e Antonio Felippe, foi inaugurada pelo prefeito José Vaz de Carvalho em 12 de dezembro de 1979. Antes de ser inaugurada a praça, o local servira por mais de 30 anos como local de práticas esportivas – futebol, basquete, futebol de salão, bocha e convício social, já que existia uma sede social onde eram realizados os bailes – e ali foi construído o Estádio Natal Francisco, onde era o mando de jogos do Atlético Clube Paranavaí. Até ser desapropriada pelo Município, a área pertencia ao Atlético Clube Paranavaí que, então, era um dos poucos, senão o único clube do interior a ter estádio próprio.
O Atlético Clube Paranavaí conseguiu a doação da área, que pertencia ao Governo do Estado, em 1947, um ano depois de ser fundado por um grupo de esportistas, entre eles Natal Francisco, Ulisses Faria Bandeira, José Ebiner e outros. Natal Francisco tinha acesso ao Palácio e ao governador Moysés Willie Lupion  de Troia (período 12/03/1947-31/01/1951) e foi a Curitiba reivindicar uma área para construir o Estádio. Recebeu a promessa, indicou o local, mas, como muitas das terras da região, na época, não foi passado o papel. Mesmo assim foi dada sequência à demarcação e feitas benfeitorias, como a cerca em volta, com madeira doada por José Ebiner, que tinha uma Serraria.
A legalização do terreno só aconteceu em 28 de setembro de 1961, portanto, após 33 anos da fundação do clube e há 54 anos. Era então governador o general Ney Aminthas de Barros Braga, no período de 31/01/1961 a 17/11/1965.
A data é lembrada pelo então presidente do ACP, empresário de radiocomunicação de Paranavaí – fundador e então proprietário da Rádio Cultura AM e atual proprietário da Rádio Caiuá FM – e pioneiro Ephraim Marques Machado.
O pioneiro foi presidente do ACP entre 1960 e 1962, quando o time entrou pela primeira vez na disputa do Campeonato Paranaense de Profissionais, então dividido em Série Norte e Série Sul. Ele ainda guarda cópia do documento do Cartório de Registro de Imóveis de Paranavaí – 1º Ofício, cujo titular era na época Erasmo Mäder. Ele conta que para conseguir a regularização foram necessárias várias viagens a Curitiba, enfrentando todas as dificuldades de um período em que os transportes rodoviário e aéreo eram precários.
Mas, enfim, o cartorário Mäder recebeu a documentação original de Curitiba e foi autorizado a escriturar o terreno em nome do Atlético Clube Paranavaí. “A conquista teve a participação de muita gente – destaca Ephraim Marques Machado – que cita entre outros o Waldemiro Wagner, Natal Francisco, deputado estadual Benedito Pinto Dias, José Vaz de Carvalho, Ulisses Faria Bandeira e a Família Carvalho, que ajudou a manter a integridade do patrimônio.
A área de 26.400 m² onde foi construído o Estádio Natal Francisco, doado pelo Estado, tinha a localização assim descrita: Gleba 1 da 2² Secção – chácara da Colônia Paranavaí, com os seguintes limites e confrontações: a Noroeste-Nordeste por duas linhas secas, confronta com terras tituladas a favor de Adão Roth, denominadas Jardim Ouro Branco; a Suleste-Sudoeste pelas Ruas Ceará e Rio Branco, respectivamente, confronta com as quadras 188, 90, 71 e 70 desta cidade. Obs: A Rua Ceará mudou para Manoel Ribas atualmente e a Rua Rio Branco para Rua Luiz Spigolon. Na época as ruas do atual contorno a partir do centro não estavam abertas até o local: Edson Martins e Antonio Felippe.
O ACP perdeu seu patrimônio em 1974. Com elevadas dívidas junto ao INSS e particulares, os credores acionaram o clube. A Prefeitura Municipal, através do Serpavi – Serviço de Pavimentação de Paranavaí – havia construído o asfalto nas Ruas Manoel Ribas, Luiz Spigolon e Getúlio Vargas – que termina na Spigolon – e também era credora do ACP. Para “salvar” o patrimônio que estava indo a leilão público, a Prefeitura interferiu como credora prioritária e evitou que o local fosse transformado num conjunto habitacional, como era intenção manifestada pelos interessados no arremate e como lembrava na época o presidente do clube, Odair Alves Pereira. A adjudicação foi despachada em 1º de abril de 1974 pelo juiz de Direito da Comarca, Camilo de Andrade Nepomuceno, aditada em 9 de abril de 1974 e expedida a carta de adjudicação em 3 de maio de 1974.