Reivindicações dos caminhoneiros não podem ser atendidas, diz ministro
Ele afirmou, após reunião no Palácio do Planalto, que os bloqueios, frutos de um "movimento pequeno", são motivados por "interesses de ocasião". Não descartou também que poderá pedir para usar força policial para liberar estradas.
Os manifestantes reivindicam soluções para questões nacionais da categoria, entre elas, o subsídio no preço do óleo diesel, isenção do pagamento de pedágios para caminhões e criação da secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas.
Borges diz que o óleo diesel já é subsidiado e não se pode contrariar contratos existentes de pedágio.
"Estamos vendo agora um movimento pequeno se aproveitar do que está passando o país para interditar as rodovias federais impedindo inclusive o sagrado de ir e vir da população brasileira e principalmente dos caminhoneiros", disse o ministro.
Ele disse que a Polícia Rodoviária Federal poderá atuar para remover os veículos que bloqueiam estradas. Afirmou ainda que a pasta criará uma câmara de diálogo com representantes do setor, sejam favoráveis ou não à paralisação, para negociação.
Borges reuniu-se ontem com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e dirigentes de federações de transportadores autônomos que são contrários às paralisações recentes.
Protestos de caminhoneiros bloqueiam rodovias em pelo menos nove Estados: Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina.
DESONERAÇÃO DO TRANSPORTE PÚBLICO – Impulsionado pelas manifestações populares em todo o país, o Senado aprovou ontem projeto que amplia desonerações do transporte público com o objetivo de reduzir os preços das tarifas de ônibus, metrô e outros meios de transporte metropolitanos.
Numa derrota para o governo, os senadores mudaram o projeto para permitir que as desonerações concedidas pelos Estados e municípios sejam abatidas de suas dívidas com a União, no limite mensal de 30%.
De autoria do líder do PSDB, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), a mudança beneficia diretamente os entes da federação que somam os maiores débitos com o governo federal, como São Paulo – que tem dívida estimada em mais de R$ 60 bilhões. Alguns senadores defenderam que o percentual fosse de 100%, mas Nunes disse que manteve o limite de 30% porque há "outros investimentos que podem ser levados em conta na hora do abatimento do serviço da dívida".
Aliado da presidente Dilma Rousseff, o relator, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), tentou derrubar a mudança, mas ela teve o apoio da maioria dos integrantes da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado), onde o projeto foi aprovado. "A votação dessa emenda faz parte do jogo, não inviabiliza esse projeto", disse o petista.
Como o projeto foi aprovado em caráter terminativo pela comissão, ele segue para votação na Câmara se não houver recurso para sua análise no plenário do Senado. Congressistas estimam a redução das tarifas em 15% com a aprovação do projeto.
MANIFESTANTES SÃO PROIBIDOS DE BLOQUEAR RODOVIAS PAULISTAS
Após a série de protestos de caminhoneiros que fechou pelo menos 24 rodovias em 9 estados, a Justiça de São Paulo concedeu ontem uma liminar ao Estado que impede o bloqueio de estradas estaduais em São Paulo.
Decisão do juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara da Fazenda Pública, determina não só a proibição de bloqueios nas rodovias como também prevê multa de R$ 20 mil por hora em caso de descumprimento. A ação foi requerida pela Procuradoria Geral do Estado (PGE).
O protesto é encabeçado pelo Mubc (Movimento União Brasil Caminhoneiro), sob comando do sindicalista Nélio Botelho. De acordo com a decisão, Botelho poderá ter que arcar com os valores em caso de obstrução das rodovias e de vias de acesso a elas.
As paralisações de anteontem provocaram bloqueios parciais ou totais durante mais de 11 horas em trechos de rodovias. O acesso ao principal porto do país, em Santos, foi fechado chegou a ficar fechado. A Castello Branco, bloqueada de manhã, só foi liberada após as 20h, quando a Tropa de Choque da Polícia Militar retirou os caminhoneiros na região de Itapevi (Grande São Paulo). Houve confronto, com bombas de efeito moral lançadas pela polícia contra os manifestantes, que revidaram com pedras e paus.
Os motivos para a mobilização dos caminhoneiros do país são diversos – da cobrança de pedágio a reivindicações por melhorias nas condições de trabalho.