Resultados negativos de dengue revelam risco de circulação de outros vírus
De 1º de janeiro até o final de julho, o Noroeste do Paraná somava 46 casos positivos de dengue. O número é bastante baixo se comparado à quantidade de confirmações em anos anteriores, mas uma situação preocupa: o alto índice de resultados negativos para casos suspeitos da doença.
A chefe regional da Vigilância Sanitária, Nilce Casado, afirmou que os pacientes apresentam sintomas de dengue, mas o diagnóstico não aponta a presença do vírus. Significa que a população está contraindo outra doença viral, que pode ser chikungunya ou zika.
É aí que surge o problema. De acordo com Nilce, diferentemente do que ocorre nos casos de dengue, que os sintomas se manifestam por curto período e somem, as outras doenças têm efeitos prolongados – podem se estender por anos, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) tem buscado maneiras de identificar o vírus em circulação por diferentes regiões do Paraná. Até agora, no entanto, não foi possível fazer a constatação.
CUIDADOS – Por isso, mais do que nunca é fundamental intensificar os cuidados para evitar a proliferação do Aedes aegypti, mosquito que transmite dengue, chikungunya, zika e febre amarela. “A população precisa manter a rotina de eliminação dos focos”, afirmou Nilce.
Algumas situações merecem atenção. Uma diz respeito ao descarte de resíduos em terrenos baldios e fundos de vale. A prática irregular favorece a reprodução do Aedes aegypti, já que os objetos descartados se tornam criadouros do mosquito.
A chefe da Vigilância Sanitária também chamou atenção para alguns hábitos diários dos moradores. É comum encontrar pessoas que varrem as folhas das calçadas e jogam nas bocas de lobo. Quando isso acontece, os bueiros entopem e bolsões de água se formam, dando condições para a procriação do Aedes aegypti.
Segundo Nilce, a limpeza das bocas de lobo é um procedimento difícil, por isso, são pontos vulneráveis. A situação é ainda mais crítica porque os focos do mosquito não são visíveis. Sendo assim, a orientação é que ao varrer a calçada, o morador jogue todas as folhas em um saco de lixo.
É preciso, também, limpar calhas, verificar quintais e fundos de empresas e limpar terrenos. Sempre que houver reservatórios de água, os cuidados devem ser maiores.
ÍNDICES
A chefe da Vigilância Sanitária destacou o fato de os municípios do Noroeste do Paraná terem apresentado índices baixos de infestação por Aedes aegypti. Apenas três cidades tiveram mais do que 1%, que é o recomendado pelo Ministério da Saúde: Paraíso do Norte (1,1%), Planaltina do Paraná (2,8%) e São Carlos do Ivaí (1,6%).
Mas não é motivo para comemorar. O período de seca contribui para a redução no número de larvas. “Não significa que não tenham ovos. Quando cair a chuva, eclodem e se transformam em alados”, explicou Nilce.