Reunião da Cocamar debate sistema de integração lavoura-pecuária-floresta

Com a presença do secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, entre outras lideranças, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial promoveu na noite de terça-feira, em Santa Cruz de Monte Castelo, no extremo-noroeste do Paraná, uma reunião com produtores para tratar sobre o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Com cerca de 150 participantes, que representaram vários municípios, o evento foi realizado na Chácara Pitangueiras.
OPORTUNIDADE – Ao fazer a abertura, o gerente técnico da cooperativa, Leandro Cezar Teixeira, destacou a oportunidade que a ILPF traz para o fortalecimento econômico regional. Ele disse que a maior parte das pastagens encontra-se degradada e deixando de oferecer retorno econômico aos proprietários.
“Muitos produtores acomodaram-se e a maneira como conduzem os seus negócios não é sustentável”, declarou, lembrando que a cooperativa – que possui desde o ano passado uma unidade de atendimento no município – tem o compromisso de oferecer alternativas para desenvolver a economia regional.
FRUTOS – O prefeito Francisco Antonio Boni ressaltou, em seu pronunciamento, que o município “está plantando uma semente e, com o apoio da Cocamar, colherá muitos frutos no futuro”, referindo-se aos benefícios que os sistemas integrados podem proporcionar ao seu município e região.
“Temos observado as transformações que a integração traz e acreditamos ser este o nosso melhor caminho”, acrescentou, convidando outras lideranças de cidades próximas, como a prefeita de Querência do Norte, Rozinei Aparecida Raggiotto Oliveira, para que também se engaje esse desafio.
CREDIBILIDADE – Eu sua fala, o secretário Norberto Ortigara destacou o sucesso da integração em outras regiões do estado, lembrando que, a princípio, os produtores ficam reticentes diante da novidade. “A recomendação é começar aos poucos”, orientou, enfatizando que a Cocamar “é uma das cooperativas de maior credibilidade no assunto”.
Ortigara mencionou o bom momento da agropecuária estadual, que colheu no recente ciclo 2016/17 a melhor safra de soja da história, ao redor de 19,5 milhões de toneladas, citou o crescimento da produção de milho de inverno a cada ano, mas afirmou que a pecuária ainda tem muito a desenvolver-se. “Em média, um pecuarista do Paraná não consegue mais do que meia carcaça por hectare/ano”.
O secretário falou também sobre a oportunidade que o Programa Integrado de Conservação de Solos e Água, o Prosolo, do governo do estado, está trazendo para os produtores.
De acordo com Ortigara, os proprietários rurais que reconhecerem problemas ambientais em suas áreas, têm prazo até o dia 29 de agosto deste ano para inscreverem-se no Prosolo, por meio da unidade mais próxima do Instituto Emater. Após inscritos, eles terão um ano para a elaboração do projeto técnico e três para executá-lo.
“A integração é uma forma de resolver os problemas ambientais, como a degradação dos pastos, a erosão e, ao mesmo tempo, impulsionar a propriedade”, declarou.
MELHOR CAMINHO – Ao palestrar, coordenador de ILPF na cooperativa, Renato Watanabe, apresentou números e indicativos apontando que os sistemas integrados são a melhor opção para que o pecuarista prospere em seus negócios.
“Há regiões com solos arenosos muito mais pobres que o de Santa Cruz de Monte Castelo e municípios próximos, onde os sistemas integrados apresentam excelentes resultados”, disse Watanabe.
“A ILPF, apesar de ser o assunto do momento, é um processo que vem sendo desenvolvido e aprimorado ao longo de 30 anos pelas mais respeitadas instituições de pesquisa do país”, mencionou.
Atualmente, no país, conforme levantamento divulgado no ano passado pela Rede de Fomento ILPF, há cerca de 11,5 milhões de hectares com sistemas e arranjos integrados das mais variadas formas, com predomínio da lavoura-pecuária.
“Um terço da produção de soja brasileira já passa por algum tipo de integração”, pontuou o coordenador, lembrando que só na região da Cocamar são mais de 100 mil hectares, dos quais 27 mil cultivados com soja.
“A Cocamar possui uma equipe altamente preparada para orientar os produtores”, acrescentou, recomendando que o projeto comece devagar e que seja bem-feito, seguindo todas as orientações, para minimizar os riscos e maximizar os acertos.
Watanabe citou o exemplo do produtor Armando Gasparetto, de Altônia, que começou a fazer a integração em 2000. Na média dos últimos seis anos, a produção de soja foi de 112 sacas por alqueire e, na pecuária, de 16 arrobas de carne por na mesma unidade de área.
“A função principal da soja é financiar a reestruturação do solo e, com isso, assegurar pastos de qualidade no inverno, formados com capim braquiária”, citou. Segundo ele, não compensa ao pecuarista investir na adubação dos pastos, pois o investimento é alto e a recomposição dos nutrientes se degradará em apenas três ou cinco anos: “A integração, em resumo, é o melhor caminho”.

AMBIENTE
Completando a agenda da noite, o advogado especializado em agronegócio, Lutero de Paiva Pereira, comentou que a degradação extrema dos pastos pode ser entendida como crime ambiental. E mesmo que não seja extrema, leva a um subaproveitamento da terra, passível de uma desapropriação.
“O Estado tem o poder de desapropriar”, declarou, acrescentando que a propriedade pertence ao produtor, mas este não é dono do meio ambiente. “Não é bom ter o Ministério Público como inimigo”, incluiu o advogado, que possui escritório nas cidades de Maringá e Cuiabá.
Sobre a parceria do pecuarista com agricultores, ele recomendou que o contrato seja feito de maneira que ambos tenham garantia jurídica. E finalizou: “o engenheiro agrônomo da cooperativa trabalha para que vocês ganhem mais dinheiro. Já o advogado, trabalha para que vocês não percam dinheiro”.