Reunião entre produtores e indústria ´apara arestas´, mas paralisação continua

Representantes de produtores de mandioca e industriais da fécula se reuniram ontem no final da tarde em Paranavaí.
A expectativa dos agricultores era chegar a um entendimento em relação ao aumento no preço mínimo pago pelo produto e, desta forma, encerrar a paralisação da colheita, iniciada na segunda-feira da semana passada. Mas, não houve avanços.
Por isso, a paralisação continua, pelo menos até a próxima rodada de conversa, que deverá acontecer até o final da semana.
Embora aparadas as arestas, antes da reunião houve a confirmação de que há um ambiente tenso entre produtores e indústria, através das suas entidades representativas (ou das lideranças que respondem pelas mesmas).
Os empresários do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná – Simp, e da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca – Abam – fizeram uma reunião antes de receber os mandiocultores.
Neste encontro decidiram pelo veto à participação do presidente da Associação dos Produtores de Mandioca do Paraná – Aproman – Francisco Androvicis Abrunhoza, da região de Umuarama. Mas, franquearam o acesso para os demais associados (a reunião aconteceu na Abam).
Diante disso, os produtores se reuniram de forma improvisada na rua e optaram por ceder à condição dos empresários, indicando um grupo de representação. Entre favoráveis e contrários, venceu o argumento de que é preciso trabalhar para pôr fim ao movimento que gera também paralisação da indústria e desemprego de trabalhadores rurais, sem contar os compromissos financeiros dos próprios agricultores. O próprio Abrunhoza defendeu esse ponto de vista.
O argumento para o veto ao presidente é um áudio atribuído a ele e que circula nas redes sociais. Teria feito acusações, citando industriais, atitude considerada desrespeitosa pelos empresários. O presidente da Aproman admite que pode ter se excedido. Disse à reportagem ter feito um vídeo pedindo desculpas, caso tenha ofendido pessoas. Esse conteúdo também estaria nas redes sociais.  
DECISÕES – Vencida essa etapa, os produtores e industriais se reuniram sem a presença da imprensa. Após o encontro, detalharam como produtiva a conversa, embora ainda sem decisões concretas. Os agricultores pedem a garantia de um preço mínimo, capaz de fazer frente aos custos e remunerar minimamente a classe, informa o secretário da Aproman, Dionísio Heydemann.
O presidente da Abam, João Eduardo Pasquini, considerou positiva a reaproximação. Lembra que produtores e indústria devem estar juntos. A reunião serviu para mostrar o que considera um momento delicado também para a indústria.
O líder classista espera convocar uma reunião das empresas provavelmente para amanhã. Serão debatidos os pontos apresentados pelos agricultores. O básico do pleito é um aumento no preço da tonelada da raiz. Pasquini disse ainda que o episódio envolvendo o presidente da Aproman também deverá ser superado.
NÚMEROS DA PARALISAÇÃO – Pelos cálculos atualizados da Aproman até a tarde de ontem havia 17 liminares concedidas pela Justiça, proibindo o bloqueio de caminhões carregados com mandioca. Todas estipulam multas diárias para a Aproman em caso de descumprimento.
Abrunhoza defende a associação, lembrando que ela não promove bloqueios, mas apenas dá apoio aos produtores. Por isso, os advogados da entidade estão tentando caçar as liminares.
Ele também reclama do uso da força policial em determinadas fecularias, visando forçar a chegada de caminhões até as indústrias.
Ontem foi mais um dia tenso em alguns bloqueios, inclusive com retenção de cargas de mandioca. A orientação dada pelo movimento é de que não deve passar cargas, mantendo a paralisação nas indústrias.
Ontem o protesto chegou ao Mato Grosso do Sul. Segundo Abrunhoza, havia paralisação na região de Ivinhema e outras áreas, informa. Com essa adesão, haverá reflexo nacional rapidamente, analisa. Isso porque Paraná e São Paulo concentram 94% da produção de fécula do país.
A Aproman reitera o apelo para que os produtores não colham mandioca. Com essa ação, espera forçar a elevação dos preços, hoje abaixo dos custos de produção. Para a indústria, a paralização não é o melhor caminho, pois a região pode perder mercado por falta de produção. Sem contar que uma alta forçada pode se perder tão logo a situação volte ao normal.