Reunião expõe desafios para ações de combate à dengue em Paranavaí
Integrantes do Comitê Municipal de Combate à Dengue se reuniram na manhã de ontem e discutiram sobre a situação preocupante em que Paranavaí se encontra. Na ocasião, expuseram os desafios para evitar uma nova epidemia da doença.
O primeiro problema está na falta de conscientização dos moradores. “A população não colabora”, afirmou o assessor da Vigilância em Saúde, Randal Fadel Filho. O descarte incorreto de lixo e a falta de cuidados nos próprios quintais potencializam os riscos que Paranavaí enfrenta.
Para se ter uma ideia, o Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (Lira), que aponta o percentual de infestação pelo mosquito transmissor da dengue, mostrou que a maioria dos focos de larvas está em bebedouros de animais, vasos de plantas e baldes, representando 50% do total.
Garrafas, plásticos, latas e restos de materiais de construção também aparecem na lista de principais criadouros do mosquito. De acordo com o resultado do Lira, concluído na semana passada, esses resíduos descartados de maneira irregular somam quase 20% dos focos de larvas em Paranavaí.
Mas os desafios apontados durante a reunião de ontem vão além das atitudes dos moradores. Fadel Filho explicou que a equipe de agentes de controle de endemias não está completa. Seriam necessários 54 servidores trabalhando nos bairros da cidade, porém a Vigilância em Saúde conta com apenas 28.
A Prefeitura de Paranavaí promoverá concurso público para a contratação de funcionários. Dois serão agentes de controle de endemias. Mas até que todos os trâmites legais sejam concluídos, o período mais crítico da dengue já terá passado.
Outra dificuldade revelada pelo assessor da Vigilância em Saúde foi a falta de veículos, equipamentos e materiais de trabalho para as equipes que atuam nas ruas da cidade diariamente.
O caminhão de apoio, usado para recolher lixo e entulho, é um exemplo importante. Em novembro de 2018, o veículo foi utilizado para retirar mais de 39 mil quilos de resíduos em diferentes bairros da cidade: 116 pneus, 55 caixas de tevês, 48 colchões, 32 vasos sanitários, 11 piscinas plásticas e muito mais.
No entanto, o contrato que garantia a circulação do caminhão de apoio pelos bairros de Paranavaí terminou em dezembro do ano passado. Desde então, não há mais recolhimento desses materiais. Segundo Fadel Filho, a renovação dos documentos está travada por questões jurídicas.
LEGISLAÇÃO – O assessor da Vigilância em Saúde destacou que é necessário apertar o cerco contra as pessoas que não tomam os devidos cuidados dentro e fora de casa. As medidas punitivas, disse, precisam ser mais céleres e rigorosas.
Para isso, sugeriu mudanças na legislação. Disse que é necessário encurtar o prazo para a aplicação de multas nos casos em que os moradores não eliminarem criadouros de larvas do Aedes aegypti. O mesmo vale para proprietários de terrenos que não fizerem roçadas e para quem for flagrado descartando lixo em locais inadequados.
RISCOS – O Lira concluído na semana passada mostrou que Paranavaí tem 3,2% de infestação pelo mosquito transmissor da dengue, sendo classificado como de médio risco. O percentual está acima do considerado como tolerável, que é 1%.
Significa que há grande quantidade de mosquitos nos bairros da cidade, o que pode facilitar o surgimento de casos da doença. O problema é que “não temos estrutura para enfrentar uma epidemia como a de 2012 e 2013”, disse Fadel Filho. Naquele período, foram registrados mais de 15 mil casos.
Por enquanto, o vírus que circula em Paranavaí é o tipo 1. Quem contraiu a doença já está imune aos efeitos causados por essa variação viral, mas a possibilidade de outro tipo ser introduzido na cidade é grande.
Segundo Fadel Filho, duas mortes por dengue foram confirmadas em Cornélio Procópio (distante aproximadamente 250 quilômetros de Paranavaí). Ambas causadas pelo vírus 4. A entrada desse vírus resultaria em manifestações gravíssimas da doença nos pacientes.
É preciso considerar, ainda, outras enfermidades transmitidas pelo Aedes aegypti. Uma delas, a zika, foi identificada em Cianorte (a 100 quilômetros de Paranavaí). Outra é a chikungunya, que pode deixar sequelas e levar o paciente à morte.
REGIÃO – Números da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) indicam que seis municípios do Noroeste do Paraná estão entre os que apresentam maior incidência de casos de dengue em proporção ao número de habitantes. Paranavaí está nessa lista, junto a Amaporã, São João do Caiuá, Planaltina do Paraná, Santa Isabel do Ivaí e Terra Rica.