Ricardo Barros diz que pílula do câncer só será distribuída se Anvisa comprovar efeito

BRASÍLIA – O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou ontem, durante visita à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que, caso o resultado dos estudos sobre os efeitos da fosfoetanolamina, conhecida como pílula do câncer, não comprovar sua eficácia, a droga não será incluída na Relação Nacional de Medicamentos (Rename) e não será distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo estando liberada por projeto de lei.
“A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está fazendo os estudos. Pedi agilidade à Anvisa não só nesse caso, mas em vários outros nos quais precisamos rapidamente aprovar medicamentos novos e princípios ativos. A Anvisa precisa nos garantir mais agilidade, com segurança e proteção ao consumidor”.
O secretário estadual de Saúde, David Uip, informou que, assim que o laboratório responsável por produzir a fosfoetanolamina entregar o material, o governo paulista encapsulará rapidamente a droga e em prazo de seis meses já haverá resultados. “É a primeira pesquisa que há e daqui a pouquíssimo tempo teremos os resultados definitivos”.
RECURSOS PARA A SAÚDE – O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse durante visita à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Usp), ontem na capital paulista, que o governo não colocará mais recursos no orçamento da pasta em 2016.
Segundo ele, o Orçamento da União passa por uma crise fiscal severa, que só se recuperará com a melhoria da economia e a volta do consumo. Entretanto, disse que a saúde é uma das prioridades do governo Michel Temer e que o assunto será discutido com a equipe econômica.
O ministro também falou sobre o Programa Mais Médicos, que, segundo ele, teve sua continuidade definida por pressão da Confederação Nacional dos Municípios, sob alegação de que as pequenas cidades e comunidades passaram a ter médicos devido ao programa.
“Ainda vou avaliar a questão do Revalida (Sistema de Revalidação de Diplomas Médicos). Não conheço a qualificação dos médicos cubanos e vou estudar com carinho, assim como outras sugestões que recebi aqui”.
CURSOS/MEDICINA – Durante o encontro, professores da Faculdade de Medicina da Usp questionaram a criação de novos cursos de medicina, sugeriram que o governo implante o serviço médico compulsório para recém-formados, crie centros de atendimento para mulheres que praticam aborto em clínicas clandestinas, de modo a evitar o aumento do número de mortes, entre outras questões. Barros prometeu analisar todas elas.
Para resolver problemas mais urgentes da saúde, como falta de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em hospitais, Ricardo Barros informou que vai estudar esses números.
“O ministério já tem estudos sobre o credenciamento de UTIs. Há milhares credenciadas no Brasil. Vamos ver se a distribuição está correta, se a necessidade está suprida e onde faltar vamos negociar. É preciso entender que há muitos leitos de UTI fechados por falta de financiamento”. (Reportagem: Flávia Albuquerque, da Abr)