Ruas de Paranavaí foram planejadas para beneficiar o setor agrícola

Como Paranavaí, no Noroeste do Paraná, foi fundada sob a égide da agricultura, as principais ruas e avenidas foram traçadas visando o escoamento das produções e não o desenvolvimento urbano.
Prova de tal fato é que mesmo com o passar dos anos as vias foram asfaltadas, mas não redimensionadas para atender a demanda surgida com o progresso. Exemplos são as ruas e avenidas estreitas do centro da cidade.
As vias de alguns dos bairros mais tradicionais de Paranavaí, como o Jardim Ibirapuera, Jardim Iguaçu, Jardim Ouro Branco e região do Colégio Estadual de Paranavaí (CEP), também foram abertas para facilitar o transporte de café, arroz e outras culturas.
“Paranavaí se ligava ao Porto São José, pra onde toda a produção era escoada até outros Estados [como Mato Grosso e São Paulo]”, revelou o agrimensor e pioneiro paranaense Ulisses Faria Bandeira em antiga entrevista ao jornalista Saul Bogoni.
Segundo o pioneiro mineiro José Alves de Oliveira, conhecido como Zé do Bar, todas as estradas eram criadas para beneficiar o setor agrícola.
“Lembro de uma que ia até a fazenda do agricultor Domingos de Almeida. Abriram ela por causa do café”, garantiu Zé do Bar em depoimento à Prefeitura de Paranavaí décadas atrás.
Apesar da cidade ter vivido às voltas com a agricultura naquele tempo, o ápice do setor foi relativamente curto e logo a pecuária conquistou grande espaço.
O pioneiro curitibano e advogado Aldo Silva, em entrevista ao jornalista Saul Bogoni, do Diário do Noroeste, deixou claro que em Paranavaí muitas fortunas foram feitas sob a ilegalidade.
“Teve gente que se deu bem porque fazia muitos requerimentos de terras no próprio nome e também em nome de terceiros. Não respeitava o limite de 200 alqueires por família, determinado por lei”, reclamou. O grande número de posses se refletiu em maior influência política.
Assim é justo dizer que o planejamento urbano foi prejudicado porque priorizaram os interesses individuais de algumas famílias abastadas que controlavam a economia local. “Não tenho dúvida alguma quanto a isso. Era desejo de alguns latifundiários que a cidade preservasse suas características de colônia”, comentou o pioneiro cearense João Mariano.